VARIANTE ÔMICRON PODERÁ TRAZER NOVOS CUSTOS À PRODUÇÃO NO SETOR DO AGRO
Após uma sexta-feira (26) conturbada no mercado de commodities, devido à nova variante ômicron, o mercado voltou a desacelerar nesta segunda-feira (29).
Classificada como preocupante pela OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda não se sabe como essa nova variante vai afetar a população e a economia.
Para o agronegócio, caso realmente ela tenha um avanço rápido pelo mundo, será bastante preocupante, não pela demanda, mas pelo efeito provocado na produção, na logística e na infraestrutura dos países.
O agronegócio não terá problema de demanda, uma vez que os países vão continuar buscando segurança alimentar, fazendo compras e mantendo estoques de alimentos.
Se ela trouxer um risco potencial para a recuperação econômica, o agronegócio terá, mais uma vez, dificuldades na reposição de máquinas e equipamentos e no fornecimento de insumos, como agroquímicos e fertilizantes.
Nesse caso, a pressão virá por meio de novos custos de produção, que já estão bastante acelerados neste ano. Os principais importadores de commodities são também grandes fornecedores de insumos, um setor no qual o Brasil é altamente dependente.
Até a terceira semana deste mês, o Brasil havia importado um recorde de 36,8 milhões de toneladas de fertilizantes, com gastos de US$ 12,6 bilhões (R$ 70,7 bilhões, na cotação atual).
Disrupção desse setor em algumas regiões, devido à pandemia e a questões energéticas e geopolíticas, elevou os preços de alguns desses insumos para os maiores patamares em uma década.
Entre os principias fornecedores do Brasil, alguns países foram afetados por essas questões. A Rússia, com 7,7 milhões de toneladas, lidera o volume ofertado, vindo a seguir a China, com 5 milhões, e o Canadá, com 3,4 milhões.
Belarus, que sofre sanções da União Europeia e dos Estados Unidos, também está nessa lista e mandou 1,96 milhão de toneladas de fertilizantes para o Brasil neste ano.
Um eventual agravamento da pandemia no mundo vai elevar, ainda, os gastos com os agrotóxicos. Neste ano, as importações já somam 316 mil toneladas, com gastos de US$ 2,81 bilhões.
Os principais fornecedores desses agroquímicos para o Brasil estiveram no olho do furacão durante a pandemia e tiveram dificuldades nas entregas.
Entre as principais regiões fornecedoras estiveram a Ásia, com 172 mil toneladas, e a América do Sul, com 69 mil. A América do Norte e a Europa forneceram 28 mil e 25 mil toneladas, respectivamente.
Os principais países exportadores de alimentos, como Brasil e Estados Unidos, não tiveram grandes dificuldades nas exportações. Ambos estão atingindo patamares recordes no comércio mundial de agronegócio.
Mas os Estados Unidos ainda continuam com problemas localizados no escoamento de grãos por alguns portos, devido à pandemia. A concorrência dos navios de contêineres é grande, dificultando o escoamento de grãos, segundo Daniele Siqueira, da AgRural. Com isso, o Brasil tem avançado nas exportações de soja, apesar de este período do ano ser a janela ideal de vendas externas dos Estados Unidos, devido ao final de safra.
O Brasil exportou 8 milhões de toneladas da oleaginosa em setembro e outubro, e as vendas das três primeiras semanas deste mês já superaram em 125% as de igual período de novembro de 2020.
A saída de milho também está aquecida, mesmo com a quebra de 20 milhões de toneladas na produção brasileira. Neste mês, o país deverá atingir vendas externas de 2,7 milhões do cereal.
Mesmo com alguns períodos de dificuldades de desembarque nos portos de destinos, as exportações brasileiras e norte-americanas do agronegócio atingiram patamares recordes nesses dois anos. Em 2021, o Brasil deverá atingir a marca histórica de US$ 120 bilhões de receitas no setor.
Já os norte-americanos, após registrarem US$ 173 bilhões no ano civil 2020/21, deverão chegar a US$ 177 bilhões no período 2021/22, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)
Fonte: Folha de S. Paulo