Fundos aumentam apetite por commodities agrícolas
No início de março estavam se desfazendo dos contratos que tinham neste setor. Estavam "vendidos" (apostavam na queda) em 11 milhões de toneladas de soja.
Pouco tempo depois, os fundos passaram a comprar loucamente, somando na semana passada contratos correspondentes a 21,8 milhões de toneladas dessa oleaginosa. Esse é o maior volume registrado em exatos dois anos.
Da posição de vendas do início de março à de compra na semana passada, os fundos adquiriram 33 milhões de toneladas em suas carteiras.
Esse novo cenário trouxe mudanças nos preços na Bolsa de Chicago. O contrato futuro de maio saiu de uma posição mínima de US$ 8,56 por bushel (27,2 quilos) no início de março para a máxima de US$ 10,48 nesta terça-feira (3). Ou seja, houve uma evolução de 22% no período.
Essa mudança de posição dos fundos também afetou o mercado brasileiro, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.
Houve um avanço dos negócios com a soja, tanto a da safra 2015/16, já colhida, como a de 2016/17, que ainda será semeada.
A AgRural ainda está apurando os dados de comercialização de abril, mas Daniele diz que o volume deverá dar um salto em relação aos 2% de março.
A movimentação de preços em Chicago fez com que aumentassem também os negócios em dólares no mercado de Mato Grosso.
Em março, a saca estava sendo negociada a US$ 14,50. Os preços atuais estão em US$ 18 por saca.
A alta de preços em Chicago trouxe reajuste para a soja em todas as principais praças de negociações.
Do início de março para cá, a oleaginosa subiu 18% em Sorriso (MT), 14% em Rio Verde (GO), 12% no oeste do Paraná, 12% em Luiz Eduardo Magalhães e 11% em Paranaguá, conforme dados da AgRural.
Os fundos também se voltaram para o milho em Chicago, mas esse movimento ocorreu com mais intensidade apenas nas últimas semanas.
De 8 de março até a semana passada, os fundos colocaram 39 milhões de toneladas do produto em suas carteiras.
O cereal saiu de um preço mínimo de US$ 3,475 por bushel (25,4 quilos), em 31 de março, para uma máxima de US$ 4,02 nesta terça-feira.
O avanço da presença dos fundos no milho, e a consequente alta de preços na Bolsa de Chicago, não teve grande interferência no mercado interno brasileiro.
O preço interno do milho está "descolado" do de Chicago, devido às exportações brasileiras recordes e à falta de produto internamente, diz Daniele.
Fonte: Folha de São Paulo