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MEGACANA : TRADINGS SINALIZAM MERCADO POSITIVO PARA O AÇÚCAR NOS PRÓXIMOS ANOS

Uma sinalização ainda mais positiva para o mercado de açúcar e etanol para os próximos anos foi a tônica do debate de ontem (16) no MegaCana Tech Show dos representantes das tradings Cofco, Maurício Sacramento; Tiago Medeiros, presidente da Czarnoikow (filial Brasil) e Jeremy Austin, presidente da Sucden (filial Brasil), mediado pelo diretor comercial da Usina Coruripe, Francisco Vital.

Cada representante fez uma apresentação sobre os principais mercados produtores e consumidores de açúcar, como a Indonésia e China, por Maurício Sacramento; Tiago Medeiros falou sobre o Brasil e Europa e Jeremy Austin sobre a Índia e Tailândia.

Francisco Vital disse que as informações foram de extrema importância para a tendência do mercado e ajuda as empresas nas decisões, para tentar acertar as melhores fixações e exportações, com o objetivo de precificar o melhor possível. Ele ressalta que o setor está num novo ciclo mais remunerador para o açúcar e este ano, ainda, com melhores preços e o consumo voltando.

“O Brasil terá uma produção este ano abaixo da safra 20/21, com preços fortes de etanol, e a Índia se voltando para o etanol, teremos um novo patamar e um ciclo virtuoso. O setor é sustentável e trabalha para o crescimento do país, gerando emprego e renda, e com muita disciplina e serenidade conseguirá aproveitar os melhores momentos”, afirmou Vidal.

 

Indonésia e China

A Indonésia e a China são grandes consumidores e importadores de açúcar no mundo, porém, tiveram o consumo do adoçante afetado na pandemia, mas já estão retomando. Maurício Sacramento acredita que consumo desses dois países deve voltar à normalidade na safra 22/23. Segundo ele, a Indonésia teve em 2019 para 2021 uma queda em torno de 5% a 6% no consumo e, agora, a previsão é de que voltem a crescer em torno de 2% ao ano e retornem para um patamar acima de 7 milhões de toneladas.

Já na China, o consumo de açúcar é mais estável, muito em função do crescimento do xarope de milho. Porém, como o preço do milho subiu bastante, recentemente teve um crescimento significativo do consumo de açúcar e como o país vem controlando as importações clandestinas nas fronteiras, o consumo deve crescer para 15 milhões de toneladas para uma produção de 10 milhões, abrindo um grande mercado para suprir esse déficit.

Segundo Sacramento a Indonésia, de fato é um grande mercado importador de açúcar, pois produz em torno de 2 milhões de toneladas e consome 7 milhões. Em 2021, o país vai importar 5 milhões de t de açúcar bruto do Brasil, Austrália e Índia e uma importação menor de açúcar branco. Desde 2018, a Indonésia tinha cinco meses de consumo em estoque e decidiu reduzir o volume em 2019, situando hoje em cerca de 2,5 meses de estoque de consumo. A partir de 2020, o Brasil passou a exportar para a Indonésia, chegando a 1,6 milhões, e este ano deverá situar em milhão de toneladas.

Já na China existem 180 usinas com 80% de cana na parte Sul e 20% na parte Norte, sendo que a Cofco tem 5 unidades de cana e oito de beterraba. A produção fica em 10 milhões de toneladas de açúcar e consomem 15 milhões, com um déficit de 5 milhões de toneladas. O ano passado, o estoque estava baixo, em 12,7 milhões e houve necessidade da importação em torno de 5 milhões. Para 2021, a expectativa está em torno de 4,6 milhões com o maior exportador sendo o Brasil.

 

Brasil e Europa

O presidente no Brasil para a Czarnoikow, Tiago Medeiros, está prevendo uma quebra de safra brasileira em torno de 15%, com uma produção de cana de 520 milhões, e uma redução similar para a produção de açúcar, ficando em 32,5 milhões, e semelhante para o etanol, situando em 23,8 bilhões de litros. Isso se deu em função da severa estiagem, com queda no mix para o açúcar de 46,1% para 45,9%. A geada impactou, também, as brotas e as canas em fase de colheita.

Segundo Medeiros, há incentivo para se buscar uma recuperação dos canaviais, em função dos preços dos produtos. Porém, muitas usinas não estão conseguindo cumprir o seu cronograma de plantio para 22/23 e a estimativa é de um acréscimo de apenas 20 milhões de ton ou previsão de 540 milhões de toneladas de cana, com uma estabilidade na produção de etanol e açúcar. “É preciso ver como o clima vai se comportar durante o verão deste ano para que a próxima safra corra num ritmo normal. Existe um risco iminente do fenômeno La Nina, fazendo com que o indicie de chuvas do CS seja menor do que a média histórica. Mas nossas projeções trabalham com índices de chuvas parecidos com o histórico e uma recuperação da safra para 24/25”, afirmou.

Europa

Já na análise da Europa, a área de beterraba no Reino Unido permanece inalterada, com uma produção parecida com o consumo e ligeira queda na produtividade. Enquanto a produção chegou acima de 20 milhões na safra 17/18, hoje é em torno de 17 milhões e tem que ser reposta por importação de cotas preferenciais. Essa redução está relacionada às disputas na OMC, que limitaram as exportações europeias, mas, além disso, tem a dificuldade do ligeiro decréscimo da produção.

 Hoje o preço da beterraba segue elevado, na ordem de 400 euros a tonelada, porém, pior do que o retorno de culturas como trigo e cevada. Medeiros diz que, olhando para o futuro, é uma região de produção estável com ligeiro risco de decréscimo.

 

Índia e Tailândia

O presidente da Sucden (filial Brasil), Jeremy Austin, disse que o açúcar nos patamares bem remuneradores de 19 cents a 20 cents, atuais, podem permanecer nesses valores, porém, envolve muitas variáveis. Segundo ele, a retirada dos subsídios indianos foi uma grande causa para os atuais preços do açúcar no mercado internacional. A Tailândia também está buscando um mercado mais remunerador, assim como o Brasil. É preciso verificar o impacto dessas alterações climáticas no Brasil, contudo, Austin prevê preços ainda mais remuneradores, na casa dos 23 cents a 24 cents. “Mas qual será o impacto no futuro da evolução cambial e do preço do petróleo. Tem muitas variáveis e precisa estar atento para dar as melhores dicas”, afirmou Austin. 

Hoje o Brasil está à frente nas exportações de açúcar, depois vêm Índia e Tailândia. Segundo Austin, o reconhecimento da importância da produção de etanol na Índia para regular o mercado de açúcar é um fator muito importante. Para tanto, o país antecipou a mistura de 20% na gasolina para 2025, sendo que, hoje, a capacidade de produção do etanol está entre 5 bilhões e 5,5 bilhões de litros.

O preço do etanol, porém, segue indefinido, a mistura espera chegar a 10% até o final da próxima safra, Austin acha que é otimismo alcançar os 20% em 2025, porém, a Índia entendeu a necessidade do etanol, pois importa 85% do que está sendo usado no país, e finalmente, o impacto positivo no mercado vai acontecer. A China conta com regiões que têm juma produtividade de 60/70 t/cana/ha, com menos variação em disponibilidade de água, com canais de irrigação fluvial e derretimento das neves. Além de regiões com variação entre 80/90 t/ha, mas depende da disponibilidade dos reservatórios e do clima das Monções.

A China está reduzindo seu estoque de açúcar, porque estava muito alto. Segundo Austin, o estoque estava em 11,6 milhões o ano passado, mas deverá passar para 9,4 milhões de toneladas este ano. A produção prevista é de 30,78 milhões de toneladas de açúcar e 7 milhões de exportação. Entre 19/20, a China estava com subsídio de 140 dólares por tonelada, com exportação de 6 milhões de toneladas. Em 20/21, o subsídio já passou para 80 dólares/tonelada e foi diminuindo para 55 dólares, para um pequeno volume exportado de 7,5 milhões. Para o ano que vem, já tem contratado 1,4 milhão de tonelada de açúcar, sem subsídio, devido, principalmente, à demanda na OMC do Brasil, Austrália e Guatemala contra os subsídios indianos.

Tailândia

A Tailândia, na safra 18/19 produziu 14 milhões de toneladas, mas teve um impacto climático e no preço, com redução da safra. Hoje, porém, a cana é o produto que está dando melhor retorno aos produtores, até sobre arroz. As chuvas estão boas e o país está se recuperando. A produtividade está retornando para cerca de 75 ton/cana/ha, quando em anos críticos estava entre 40 e 45 ton/ha. Mas o país conta com poucas usinas e 90 a 95% são de fornecedores.

Porém, a Tailândia e Índia tem um grande diferencial de preço em relação ao Brasil, porque estão perto dos grandes mercados consumidores do mundo. “Em termos de logística, por exemplo, estão muito mais perto da Indonésia, bem favorecidos na comparação com os outros países exportadores”, afirmou Austin.

Fonte: Gerência Comunicação SIAMIG – 17/09

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