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AVANÇO TECNOLÓGICO E GESTÃO FORAM TEMAS DO PAPO RETO COM AS USINAS NA MEGACANA

Na Megacana Tech Show de quinta-feira, dia 09, teve o “Papo Reto com as Usinas”, mediado pela jornalista da plataforma CanaOnline, Luciana Paiva, que conversou com José Luiz Balardin Sócio-Diretor Financeiro da Usina Santo Ângelo, José Geraldo Machado Filho, Diretor Agroindustrial da Usina Santa Terezinha e Diogo Lopes de Melo, Superintendente Administrativo-Financeiro Da Usina Olhos D’água.

Ao iniciar o painel, Luciana Paiva questionou sobre o andamento da safra nas unidades. Ao se posicionar, BALARDIN falou da quebra provocada pela geada e tempo seco e também pelo novo desafio, que são os focos de incêndios. Segundo ele, a unidade terá que recorrer a outras usinas para concluir a moagem, pois o cenário está bem difícil.  Balardin lembra que a Santo Ângelo, vem de uma família de produtores com expertise no negócio e está em região propícia, com bom lençol freático, boa produtividade, mas que mediante esta situação adversa, “estão trabalhando para vencer os desafios e conseguir cumprir os compromissos”.

José Geraldo Machado Filho, Diretor Agroindustrial da Usina Santa Terezinha, destacou os desafios com as condições climáticas. Segundo ele, o grupo, que possui 10 usinas no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul, vem enfrentando três anos de seca, sendo que a deste ano, juntamente com a geada, é a mais forte. Ele explicou ainda que o grupo tem adotado pacote tecnológico de operação e nutrição, principalmente nesta safra que é desafiadora, pois irá ter quebra de 10% a 15%, mesmo trabalhando incansavelmente para minimizá-la. Machado Filho também falou que o grupo tem adotado ações fortes desde o início da implantação do projeto Transformar, que envolve além dos pacotes, a sistematização de áreas, rotação de cultura, colheita mecanizada, maximização do TCH, uso de correção de solo em profundidade, manejo, entre outras ações. “Estamos trabalhando para colher resultados positivos, focando na gestão direcionada ao campo, que é onde as coisas acontecem e aí vamos colher os frutos”, destacou.

Paraná foi um dos últimos Estados a adotar a colheita mecanizada. O grupo Santa Terezinha adotou em 2019. 

O Grupo Olho D’água com suas três unidades também estão sofrendo com a seca, conforme disse Diogo Lopes de Melo, Superintendente Administrativo-Financeiro. Estando no nordeste, o grupo investe em irrigação há quase 20 anos. Segundo ele, em 2020 tiveram uma safra de 3,5 milhões de toneladas e devem manter esse mesmo valor este ano. “É um ano desafiador, com preços em patamares históricos, mas por outro lado, tem a inflação e o custo subindo muito, diesel, adubos e outros produtos, o que nos preocupa”, destacou.

Questionado sobre a irrigação, ele falou da importância para manter a produtividade, mas revelou que o grupo adotou três regras gestão no negócio: trabalhar com austeridade no caixa (tem que saber as prioridades); equipe da diretoria e operacional preparadas (não pode perder o time operacional) e parceria de longo prazo, com transparência e responsabilidade (fornecedores, clientes e instituições financeiras). “Assim é que enfrentamos os desafios no nordeste”, disse.

Custo

Luciana Paiva, do CanaOnline, também questionou sobre os custo para Balardin da Santo Ângelo e Machado Filho, da Santa Terezinha. O primeiro confirmou o que foi dito por Diogo, que os custos estão altos e atrapalhando, citando, com exemplo, adubo e herbicidas. “E não vemos perspectivas de melhora. Demora a chegar adubo e as desculpas são que não estão vindo da china, outra hora é navio que está parado”, destacou.

Machado Filho foi além e falou da situação atípica da inflação, além do custo elevado. Ainda segundo ele, para driblar a situação a operação do grupo Santa Terezinha está pautada em três pilares, sendo: segurança, qualidade das operações e performace e que isto tem trazido resultados interessantes na parte de custos operacionais. “É foco na gestão no campo para termos os ganhos, se destacando inclusive na energia”, revelou.

Diogo Melo, do grupo Olhos D’água, lembrou que os preços de energia estão excelentes, mas que no caso deles, por força contratual se manteve no mesmo patamar. “Mas é uma energia renovável, que está aí no período de menores níveis dos reservatórios e deve ser bem remunerada e melhor utilizada”.

Sobre uma possível redução de etanol anidro na gasolina, Balardin disse que o setor deve se manter atento, pois se vier a “cair é difícil voltar, por isso o setor tem que trabalhar para manter como está”.

Falta de mudas

Luciana Paiva também questionou os gestores sobre uma possível dificuldade de replantio por falta de mudas, devido à geada, seca e incêndios. Balardin confirmou a situação, dizendo ser preocupante, principalmente o replantio. Já Machado Filho, afirmou que o grupo teve se readequar para evitar problemas. “Não vamos ter esse problema de reduzir plantio devido à falta de muda, mas tivemos que readequar sim, pois afeta de alguma forma. Também com o nosso projeto Transforma, temos uma capacidade de um milhão de mudas por mês. Além de termos meiosi, cantosi, MPB (mudas pré-brotadas),mesmo a maioria sendo plantio total”, disse ele.

Em relação ao nordeste, Melo afirmou que o grupo tem trabalhado com novas tecnologias, no sentido de enfrentar o cenário sucroenérgico, sendo que por lá, 95% da colheita é manual, visto que há um papel social em relação à geração de emprego e renda para a população. O grupo tem sete mil funcionários. “Estamos pensando em aumentar a colheita mecanizada, mas temos responsabilidade de gerar empregos também, principalmente no Nordeste que tem muito mais desemprego e uma escolaridade mais baixa. Aqui fazemos MBP e no Piauí fazemos um pouco de meiosi também”, disse.

Renovabio - Sobre o programa, todos destacaram a importância, no sentido de que valoriza o produto, precifica. Melo entende que o programa é o primeiro passo, mas é preciso pensar também no Etanol do futuro. “Temos que nos unir e investir nisso. É sustentável e gera riqueza”, afirmou.

Machado Filho concordou. “Estamos na iminência de ter unidades certificadas e isso dá mais visibilidade para o setor e gera riqueza”. Finalizando, Balardin informou que a Santo Ângelo já é certificada e está bem posicionada nesta questão.

Oportunidades, desafios e riscos

Finalizando o painel Papo Reto com as Usinas, Luciana Paiva do CanaOnline, perguntou aos gestores sobre as oportunidades, riscos e desafios do setor neste momento.

Balardin destacou que o desafio é o aumento da produtividade e que Santo Ângelo é o carro chefe do grupo, com canaviais produtivos e produções boas, mas que há outros, como o controle de pragas. “Mas estamos trabalhando com o manejo para reverter estas questões. E temos várias oportunidades: a demanda de açúcar é crescente, combustível renovável e de alta qualidade e energia”, disse.

Já Machado Filho, afirmou que o desafio do grupo Santa Terezinha é concluir o projeto Transforma, frente ao cenário climático. “Na adversidade surge à oportunidade. Com tudo implantado a gente vai colher os frutos e resultados, com produtividade verticalizada e ambiente apropriado”, destacou.

Diogo Melo do grupo Olhos D’água externou sua preocupação com cenário político instável e precificação da gasolina da Petrobrás, como sendo riscos. “O governo não pode subsidiar a gasolina e isso o setor tem que ficar atento, pois nos atinge. É um ano muito difícil, e tem que ter liquidez, fazer muita irrigação. O grupo tem muita oportunidade e investimento para melhorar a rentabilidade, modernização, eficiência, entre outros. Mas o principal desafio é reduzir custo da cana, aumento do TCH. E isso a gente tem o Daine (presidente da Canacampo e pesquisador), nos ajudando. Mas a instabilidade política impacta todos os setores, a gente não sabe para onde vai - a terceira via não tá muito clara e essa polarização é preocupante”, avaliou.

Pandemia

Todos os participantes do Papo Reto com a Usina foram otimistas ao falar sobre o momento atual da pandemia. Eles acreditam que o pior já passou, principalmente com a vacinação acontecendo de forma acelerada e efetiva.

Venda Direta de Etanol

Ao serem questionados por Luciana Paiva, da CanaOnline, sobre a liberação para venda direta de etanol, Balardin, da Santo Ângelo se posicionou contrário a medida. Para ele, o foco da usina tem que ser a produção e não a logística e comercialização.

Já Diogo Melo do grupo Olhos D’água, destaca que caberá a cada unidade avaliar como fará essa gestão é se é positiva. O nordeste cabe destacar, encabeçou a discussão para que a venda direta fosse uma realidade. “É um conceito é polemico. Vai fazer sentido para algumas unidades e outras não. É questão de estratégia e perfil de cada unidade. Para nós faze sentido, pois estamos muito próximos do mercado consumidor. É uma opção que a usina poderá exercer ou não”, disse.

Machado Filho entende também que a parte comercial e logística, aumenta muito o leque das empresas e pode afetar o escoamento da produção. Mas destacou que uma avaliação que cada unidade deve fazer.

2022 – expectativas

Em relação ao próximo ano, os três participantes demonstraram otimismo em ampliar a safra, expectativa de clima melhor, aumentar a produtividade e competitividade.

A Megacana Tech Show acontece todas as quintas-feiras, às 19h. A feira é patrocinada por grandes empresas e multinacionais do setor: Coruripe, Ubyfol e Koppert e SmartBreeder (Master) e Basf, Copercana, FMC, Bayer, H2Copla e Coplacana (Ouro).

Da redação

 

 

 

 

 

 

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