PARCERIA BRASIL-ALEMANHA INCENTIVA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Programa vai apoiar pequenas e médias indústrias na implementação de soluções que proporcionem um consumo mais racional de energia e menor utilização de combustíveis fósseis
Com o objetivo de deslanchar o mercado de eficiência energética no país, o governo lança hoje um programa para apoiar pequenas e médias indústrias na implementação de soluções que proporcionem um consumo mais racional de energia e menor utilização de combustíveis fósseis.
Chamado de “PotencializEE”, o programa é liderado pelo Ministério de Minas e Energia e foi estruturado em parceria com a GIZ - Agência Alemã de Cooperação Internacional - e o Senai-SP. A iniciativa conta com recursos da ordem de R$ 110 milhões, proporcionados pelo Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha e da União Europeia.
A proposta, que começou a ser concebida em 2017, é oferecer suporte técnico e crédito acessível para que pequenas empresas possam apostar em ações de eficiência energética, explica Marco Schiewe, porta-voz da GIZ e diretor de programa. “Num primeiro momento, o desenvolvimento vai acontecer no Estado de São Paulo, por ser a região com maior concentração de PME industriais no país. Mas pretendemos trabalhar no futuro a nível nacional”.
Os entes estimam que o programa poderá impactar mais de 5 mil indústrias com ações de conscientização sobre eficiência energética. A partir desse grupo, espera-se realizar cerca de 1 mil diagnósticos para a implementação de projetos, com estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira. Por fim, a expectativa é de que 425 casos realmente sigam adiante e se materializem em investimentos. Todo o processo será conduzido por consultores do Senai, que passarão por capacitação.
Ao final dos quatro anos de vigência do programa, a cooperação prevê que a diminuição dos gastos das PMEs industriais com recursos energéticos possa chegar a R$ 170 milhões. Já em volume de energia elétrica e térmica, estima-se uma redução de 7.267 gigawatts-hora (GWh) até 2024. Do lado ambiental, espera-se que as ações evitem a emissão de 1,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
Em relação às tecnologias a serem aplicadas, o foco está na parte térmica dos processos industriais. “Vemos maior espaço de ganhos em eficiência energética nos equipamentos que envolvem questões térmicas. E aí tem um leque muito grande de empresas que podem se habilitar ao programa, e alimentos e bebidas, farmacêutica, metalurgia, papel e celulose, química”, menciona Ricardo Figueiredo Terra, diretor regional do Senai-SP.
“Percebemos que o mercado de eficiência energética no Brasil está muito focado no consumo elétrico. O programa traz um ‘know-how’ para o lado térmico e tecnologias relacionadas, como recuperação de calor, isolamento térmico, cogeração”, observa Schiewe.
Um diferencial do PotencializEE está no suporte de crédito. O programa pretende mobilizar até R$ 500 milhões para investimentos de baixo carbono em PMEs industriais por meio de instituições financeiras públicas e privadas. Para incentivar o interesse e a participação de bancos, reduzindo a necessidade de garantias por parte das industriais, será criado um fundo garantidor de cerca de R$ 50 milhões, em parceria com a Desenvolve SP, banco do estado de São Paulo.
Para Samira Carmo, coordenadora geral de eficiência energética do MME, o programa e o próprio momento do setor elétrico, que enfrenta uma crise hídrica, tornam-se oportunidades para que o país ponha a eficiência energética entre as prioridades. “Infelizmente, essas ações só acabam sendo lembradas em momentos de crise. A ideia é que a eficiência energética estivesse sempre em primeiro lugar, para depois pensarmos em novo investimentos pra aumentar a oferta de energia”, avalia.
Fonte - Valor Econômico