VENDA DE FERTILIZANTES EM RITMO ACELERADO
Os agricultores brasileiros estão com os estoques de fertilizantes abastecidos para o segundo semestre deste ano. Com 80% das negociações previstas para o período já realizadas, os produtores estão, em geral, menos suscetíveis aos “humores” do mercado, ao menos no curto prazo, segundo o mais recente levantamento trimestral da consultoria StoneX, concluído neste mês.
A pesquisa cobriu uma área de plantio de 24,3 milhões de hectares - ou 41% da área total estimada para a primeira e segunda safras de grãos do ciclo 2021/22. O trabalho da StoneX começou a ser feito em 2020, e, neste ano, voltará a ser atualizado em novembro, sempre com o cenário para dois semestres à frente.
Segundo Marcelo Mello, diretor da mesa de fertilizantes da consultoria, o Centro-Oeste é a região com compras mais aceleradas, com 82% das negociações projetadas para este segundo semestre já concluídas. Depois, pela ordem, aparecem Sul (79%), Sudeste (78%) e Norte/Nordeste (77%).
No ano passado, o retrato indicado pela pesquisa realizada em julho - que, em 2020, cobriu período equivalente ao da concluída neste mês de agosto - apresentou percentuais semelhantes. À época, as compras projetadas para o segundo semestre, direcionadas sobretudo para a soja, alcançavam 77% do total estimado.
Pelo método da pesquisa, o resultado para o “índice Brasil” nunca chegará aos 100%. Isso porque os produtores, quando respondem, optam entre as alternativas “a” a “d” para indicar que negociaram entre 0% a 24%; 25% a 49%; 50% a 74%; ou 75% a 100%, explica o diretor da StoneX. “Dada a estrutura da pesquisa, se todos os clientes informarem que fecharam o total de suas negociações, o índice resultante será 87,5%”, explica. “Então, 80% indicado agora é um índice bastante elevado”.
Para todo este ano, a previsão da StoneX é que 43,7 milhões de toneladas de fertilizantes serão adquiridas pelos produtores brasileiros, aumento de 8% em relação a 2020. Neste momento, os temas prioritários na avaliação dos compradores afetam mais quem precisa negociar insumos para entrega no primeiro semestre de 2022.
No caso dos volumes previstos para entrega no primeiro semestre do ano que vem, a StoneX aponta que 39% das negociações foram fechadas até agora no país - ante os 28% registrados na pesquisa imediatamente anterior, divulgada em maio. Segundo Mello, o ritmo está um pouco abaixo do que o esperado. “Possivelmente, isso é consequência dos recentes problemas climáticos que tiveram impactos negativos sobre várias culturas”, afirma.
Mais uma vez, a região mais adiantada é o Centro-Oeste, com 51% de negociações feitas para entrega nos primeiros seis meses do ano que vem, seguida por Norte/Nordeste (47%), Sul (33%) e Sudeste (27%). O mercado de fertilizantes é afetado atualmente por altas de preços devido à demanda aquecida e, em potássicos, especificamente, há um risco de desabastecimento.
É que sanções econômicas anunciadas pelos Estados Unidos ao segundo maior fornecedor global desse insumo, Belarus - que ainda serão detalhadas -, estão no foco dos compradores. O potássio é uma das três fontes básicas para a produção de fertilizantes químicos, em conjunto com fosfato e nitrogênio. Para lavouras de soja e milho, é vital.
Com sanções já aplicadas em junho pelos europeus a Belarus, os preços da tonelada dos potássicos subiram cerca de 50%, para US$ 700 (preço no porto, no Brasil). Apesar do efeito do cenário sobre as cotações, as restrições da União Europeia ainda não afetaram as exportações bielorrussas de “potássio 60%”, o tipo mais demandado dessa classe.
Fonte - Valor Econômico