MAIOR PARTE DAS USINAS NÃO DEVE ADOTAR VENDA DIRETA AOS POSTOS, AFIRMA FITCH
Com a entrada em vigor da medida provisória que possibilita a venda direta do etanol aos postos, a expectativa do governo é que ocorra uma diminuição nos preços do biocombustível. Porém, de acordo com Fitch Ratings, isso não irá acontecer e a maioria das empresas sucroenergéticas não deve adotar a nova possibilidade de comercialização.
A agência de classificação de risco afirma em nota que o novo processo de comercialização não deve afetar as companhias avaliadas. “O impacto da nova regra sobre os preços na bomba e sobre as margens dos produtores será irrelevante para os indicadores de crédito dos emissores”, coloca.
Segundo a Fitch, além de ser opcional, a atuação na nova regra exigiria investimentos em logística e seria um desafio para o capital de giro.
“Os distribuidores são responsáveis por uma parte relevante do armazenamento de etanol durante a safra e a entressafra”, observa e complementa: “Normalmente, as margens das distribuidoras de combustíveis são baixas e sua grande escala beneficia a cadeia de abastecimento, mas ganhos de margem em logística podem ser anulados por impostos mais altos”.
Para a Fitch, empresas como FS Agrisolutions e a São Martinho teriam o desafio logístico de fragmentar as vendas. Já companhias localizadas longe dos maiores mercados consumidores do Sudeste, como a própria FS e a Jalles Machado, teriam ganhos menores com as vendas diretas de etanol. Além disso, embora esteja localizada em São Paulo, a Zilor não deve se beneficiar da medida, pois a companhia vende toda a sua produção de combustível à Copersucar.
“Eventuais ganhos de margem seriam ofuscados por um cenário no qual os produtores já se beneficiam da recuperação da demanda e dos preços elevados dos combustíveis”, afirma.
Outro ponto levantado pela Fitch é a implicação sobre o programa RenovaBio. De acordo com a nota, a venda direta iria limitar os ganhos das usinas de etanol com a venda de créditos de descarbonização (CBios), já que os títulos são emitidos com base nas vendas a distribuidoras.
Ainda segundo a agência, a combinação de preços elevados do petróleo e a desvalorização do real em um mercado com forte concorrência irá manter o preço do etanol neste ano. “As vendas de combustíveis devem melhorar um dígito alto em 2021, devido a uma projeção de aumento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e à aceleração da vacinação contra o coronavírus”, projeta.
Especificamente, a estimativa é que a Raízen venda 26,5 bilhões de litros de combustível no ano fiscal que terminará em 31 de março de 2022, ante 24,4 bilhões de litros no período anterior.
Fonte - Nova Cana