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ANFAVEA DEFENDE ETANOL NA TRANSIÇÃO PARA A ELETRIFICAÇÃO

A indústria automobilística traçou um plano para tentar diminuir a distância entre os carros que poderão ser produzidos no país nos próximos anos e os que já rodam em mercados desenvolvidos. Enquanto regiões como a Europa aceleram a eletrificação, a ideia, por aqui, é continuar a investir em motores a combustão durante alguns anos, intensificar o uso do etanol e tirar das ruas os veículos mais poluentes, que não funcionam com o derivado da cana de açúcar. Mas, para isso, o setor precisa do apoio de políticas públicas voltadas, principalmente, à renovação da frota.

A tarefa não será fácil e envolve uma série de etapas. O esforço começa pelo convencimento das matrizes das montadoras de que o Brasil terá ambiente econômico favorável à continuidade dos investimentos. Além disso, os fabricantes de veículos precisam criar um vínculo com o governo para o país definir políticas de estímulo ao uso de veículos menos poluentes. E, o mais difícil, fazer valer a legislação que obriga à inspeção veicular regular, única forma de tirar das ruas os carros cujas emissões de poluentes há tempos transgridem normas ambientais.

Se bem-sucedido, o plano da indústria ajudaria a resolver o problema da capacidade ociosa das fábricas instaladas no país, que beira os 50% hoje, evitaria os riscos de parte dessa indústria desaparecer e, ao mesmo tempo, promoveria o conhecimento do país no uso do etanol como combustível na batalha global em busca de energias veiculares mais limpas. Mas esse processo mal começou.

O primeiro passo foi dado ontem, quando a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) conduziu uma detalhada apresentação de um estudo, desenvolvido pela entidade junto com o Boston Consulting Group (BCG). O trabalho aponta o uso de biocombustíveis, principalmente o etanol, como o melhor caminho para o Brasil ter um papel relevante na descarbonização do transporte num momento em que as nações desenvolvidas aceleram a eletrificação dos veículos.

O estudo aponta para a possibilidade de reduzir em até 15% o volume de emissões até 2035 apenas por meio do uso mais intensivo de etanol na frota circulante. Isso depende, no entanto, da troca de veículos mais velhos, que usam só gasolina, por modelos de gerações que aceitam o etanol em seus motores.

A entidade reconheceu o avanço da eletrificação em regiões como a Europa, que, segundo o BCG, alcançará 90% das vendas de veículos eletrificados até o fim da década e 100% até 2035. Isso envolve híbridos (que têm um motor a combustão e outro elétrico) e puramente elétricos. A consultoria prevê que até 2035, 60% das vendas de veículos serão totalmente elétricos na Europa.

Já o Brasil estaria, em 2035, com apenas 33% de veículos eletrificados (híbridos e puramente elétricos) no cenário mais provável. Para chegar a um cenário semelhante ao da Europa o país precisaria, afirma o sócio do BCG, Massao Ukon, de investimentos em torno de R$ 14 bilhões em infraestrutura, o que incluiria a instalação de pelo menos 150 mil postos de carregamento de baterias espalhados pelo país.

“É mandatório tirar os carros mais velhos e poluentes das ruas”, destaca o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Com a defesa de programas que estimulem a renovação da frota, a indústria automobilística venderia mais carros tal como são hoje, com motores a combustão. Mas, ao mesmo tempo, afirma Moraes, será preciso o Brasil participar da transição para a eletrificação. O dirigente lembra que a partir das legislações mais rígidas em nações desenvolvidas para diminuir o aquecimento global os fabricantes já têm definidas datas para o fim da produção de motores a combustão em todo o mundo. “Fazemos parte do problema e queremos fazer parte da solução”, destaca Moraes.

A questão é como resolver o processo de transição mais longo em mercados emergentes. Quando esses países conseguirem alcançar padrões europeus e americanos, o custo de desenvolvimento e de produção dos veículos eletrificados estará mais baixo, compatível, estimam os dirigentes do setor, com o que se cobra hoje nos carros a combustão.

Até lá, acredita Moraes, o Brasil terá de estabelecer prioridades para estimular o desenvolvimento de uma nova rede de fornecedores, com a inclusão de fabricantes de itens necessários para carros elétricos. Baterias e semicondutores, por exemplo, hoje são importados.

O plano da Anfavea é tentar dar fôlego às fábricas instaladas no Brasil para que esse parque esteja ativo e pronto para entrar no mapa mundial de produção de veículos elétricos. Segundo ele, busca-se, com isso, também proteger os empregos nesse setor. “Não vejo como atender ao mercado brasileiro, hoje em 2,4 milhões de veículos por ano, apenas com produtos importados”, destaca o dirigente.

Fonte - Valor Econômico

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