CRÉDITO RURAL ABRE SAFRA COM RECORDE
O Plano Safra 2021/22 começou com um novo recorde de desembolsos para o primeiro mês da temporada. Em julho, os produtores rurais acessaram quase R$ 27 bilhões em financiamentos, montante 15% superior aos R$ 23,3 bilhões em empréstimos ao campo registrados no mesmo período do ano passado. Na comparação com a safra 2017/18, o volume liberado aumentou quase 2,8 vezes. O montante total, disponível até junho do ano que vem, é de R$ 251,2 bilhões.
As principais fontes das linhas de crédito rural acessadas até o momento foram aquelas com juros controlados, com e sem subvenção. Os recursos obrigatórios, captados pelos depósitos à vista e que não têm equalização, lideram o ranking, com R$ 8,8 bilhões emprestados. Na sequência está a poupança rural, com as taxas equalizadas pelo Tesouro Nacional, cujo desembolso chegou a R$ 5,9 bilhões.
O primeiro mês do Plano Safra costuma ter forte demanda por crédito rural, mas, neste ano, o movimento se intensificou. Na temporada 2020/21, o governo suspendeu por quase um mês as operações com taxas com subvenção federal devido ao corte no orçamento para a equalização, o que represou parte da demanda. Além disso, algumas propostas apresentadas antes de julho e que estavam em aberto também foram concluídas com a entrada em vigor do novo plano.
Entre as linhas com taxas de mercado, as fontes que mais alimentaram esses financiamentos foram a poupança rural livre, recursos livres e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Os produtores mantiveram o ritmo forte em busca dos recursos para investimentos. Os empréstimos para essa finalidade passaram de R$ 4,9 bilhões em julho de 2020 para R$ 6,8 bilhões neste ano, aumento de 38%. Moderfrota, para aquisição de máquinas, e Inovagro, para inovações tecnológicas na produção, tiveram os maiores desempenhos, com R$ 1,1 bilhão e R$ 314 milhões, respectivamente.
No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os recursos para financiar a construção e ampliação de armazéns por meio do PCA, com juros de 7% ao ano destinados a unidades com capacidade de até 6 mil toneladas, deram sinais de esgotamento antes do fim do primeiro mês da safra.
O maior volume desembolsado no mês passado foi destinado ao custeio, com R$ 16,4 bilhões, incremento de 12% em relação ao ano passado. Comercialização e industrialização mantiveram o ritmo de acesso, com R$ 1,7 bilhão e R$ 1,9 bilhão, respectivamente.
Os bancos públicos continuam na liderança do mercado de crédito agrícola, puxados pelo Banco do Brasil, que já emprestou quase R$ 10,5 bilhões. A Caixa, estreante na operação dos recursos equalizados, quase dobrou o desempenho, passando de R$ 452,8 milhões para R$ 837,1 milhões em julho de 2021.
As cooperativas de crédito, com desembolsos de R$ 6,7 bilhões, também ampliaram sua atuação e quase alcançaram o desempenho dos bancos privados (R$ 7 bilhões) no primeiro mês da nova safra. As instituições privadas diminuíram levemente o montante desembolsado em relação a julho de 2020, quando haviam emprestado R$ 7,1 bilhões, e as cooperativas ampliaram a cobertura, que havia sido de R$ 4,9 bilhões no mesmo mês do ano passado.
Fonte - Valor Econômico