VENDAS DE MAQUINÁRIO DEVEM CRESCER 30%
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) espera crescimento real, descontada a inflação, de 30% nas vendas de máquinas e implementos agrícolas em 2021. No ano passado, as vendas reais cresceram 17% e o faturamento do setor atingiu R$ 42 bilhões.
“As culturas agrícolas de exportação estão valorizadas, com preços favoráveis, e estão puxando a demanda por máquinas e equipamentos”, diz João Carlos Marchesan, presidente do conselho de administração da Abimaq.
Executivos do setor afirmam que a única incógnita em 2021 é a capacidade da indústria em atender a demanda. Eles relatam atrasos constantes dos fornecedores na entrega de componentes eletrônicos, pneus, peças de aço e de plástico e encarecimento dos produtos. “Os custos de vários itens subiram mais de 30% em um ano”, diz Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland Agriculture.
“É um cenário desafiador, mas estamos trabalhando para suprir a crescente procura e cumprir os compromissos com os clientes”, diz Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere Brasil.
Segundo Marchesan, da Abimaq, a falta de insumos gera atrasos, mas não há registros de interrupção na produção. A aposta é de uma normalização na cadeia produtiva no decorrer do segundo semestre.
A perspectiva de um bom desempenho em 2021 anima fabricantes a ampliar a produção e lançar novas versões de tratores, colheitadeiras, pulverizadores e outros equipamentos. Nos últimos sete meses, a New Holland contratou 500 trabalhadores temporários para reforçar sua equipe de 2.300 funcionários na fábrica de Curitiba e ampliar a produção.
Desde outubro, a companhia fez uma série de lançamentos que estão ampliando as vendas, “acima da média de mercado”, segundo Miotto. São novas linhas de colheitadeiras, pulverizadores e os tratores de alta potência T8 e T9 PLM Intelligence, que possuem recursos digitais e conectividade customizados para a realidade da América Latina. “São equipamentos descomplicados, que permitem ao agricultor migrar para a era digital sem grandes investimentos em ferramentas complexas, mas de baixo uso prático”, afirma Miotto.
Na John Deere, a projeção é de alta de 20% nas vendas na América do Sul, desempenho puxado principalmente pelos negócios no Brasil. Além da expansão em volume, a aposta da companhia americana é na sofisticação dos equipamentos, com soluções mais tecnológicas, como a recém lançada colhedora de cana CH 950, que tem a capacidade de dobrar a produtividade ao utilizar de forma simultânea duas linhas de corte integradas em um ecossistema tecnológico que automatiza várias operações.
“O mercado busca produtos preparados para a agricultura de precisão e também capazes de se conectar com a internet para possibilitar o monitoramento remoto e aumentar a eficiência das operações”, diz Marcelo Lopes. Nos próximos meses, uma nova colhedora de algodão, com essas características, será apresentada ao mercado nacional, antecipa o executivo.
A Máquinas Agrícolas Jacto, que neste ano lança seu primeiro equipamento autônomo, o pulverizador Arbus 400 JAV, também investe na inovação tecnológica de suas máquinas com a incorporação de sensores, softwares de analytics e de inteligência artificial capazes de dotar pulverizadores, plantadeiras e adubadeiras de instrumentos de agricultura de precisão.
“Os produtores rurais estão capitalizados e querem atualizar suas máquinas, visando redução de custos e ao mesmo tempo maior produtividade e sustentabilidade”, diz o presidente Fernando Gonçalves. Em 2020 a divisão agrícola cresceu 25%, chegando a um faturamento de R$ 1,3 bilhão. A expectativa é crescer 30% em 2021.
Para dar conta de atender a expansão, a Jacto investe na construção de uma nova unidade em Pompeia, no interior paulista, com previsão de término em março de 2023. A unidade antiga não será desativada. “É uma ampliação, mas ainda não temos como mensurar a nova capacidade produtiva geral”, diz Gonçalves.
Por Domingos Zaparolli
Fonte - Valor Econômico