Brasil poderá exportador SAF para África e América do Sul, diz ministro de Aeroportos
O governo Lula quer que o Brasil se torne um exportador de SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês). O produto tem alta demanda mundial, mas sua fabricação, no entanto, ainda é muito pequena e representa menos de 1% do consumo global do setor aéreo.
"Ampliando a produção, a gente espera fornecer SAF para a América do Sul, todo o mercado africano e também a vários países na Europa. É uma orientação do presidente Lula. A gente quer colocar o Brasil como um dos grandes indutores da produção mundial de SAF", disse Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos.
O ministro participou, na segunda, 17, da inauguração de uma planta piloto de fabricação de petróleo sintético em Itaipu. O material será refinado e transformado em SAF, em um projeto em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
"Iniciamos um diálogo. A gente tem falado com as embaixadas e com outros países da América do Sul. A produção ainda é muito incipiente. No primeiro momento, vai dar para atender parte da produção do Brasil. Mas, a partir daí, a gente quer alavancar grandes parcerias internacionais, para colocar o SAF como janela de oportunidade e gerar emprego. É um novo ativo econômico", prosseguiu Costa Filho.
O ministro apontou que o Congresso debate o projeto de lei 528/2020, que prevê a criação do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação. O texto, em análise no Senado, propõe exigir percentuais mínimos de uso de SAF a partir de 2027.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação busca fomentar pesquisas na área. "Existe uma rede nacional que cuida de biocombustíveis, e essa rede está em ação. Temos uma chamada em curso e editais da Finep voltados para combustíveis sustentáveis. Neste ano, estamos garantindo 250 milhões de reais para pesquisa e desenvolvimento nesta área e, a cada ano, será um fluxo contínuo", disse a ministra Luciana Santos.
Entenda o SAF
O uso de SAF deverá avançar mais rápido na aviação, pois mais de cem países, incluindo o Brasil, assinaram um compromisso, chamado Corsia, para reduzir as emissões do setor.
O acordo prevê duas fases: de 2021 a 2026, os países podem adotar medidas para mitigar emissões de forma voluntária. A partir de 2027, a adoção de medidas de redução de poluentes será obrigatória, com exceções para países muito pobres ou com baixo número de voos.
Com isso, o SAF é visto como a principal estratégia para reduzir as emissões. No entanto, o material ainda é escasso no mercado: em 2024, sua produção deve representar apenas 0,5% do total de combustível de aviação usado no mundo, segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), divulgados no início de junho.
Conforme a Iata, há mais de 140 projetos de produção de SAF anunciados em todo o mundo, que devem entrar em operação até 2030. O SAF pode ser produzido a partir de diversas origens, e o Brasil poderá se tornar um produtor relevante por ter bastante biomassa disponível e por ter expertise em combustíveis verdes, como o etanol e o biodiesel.
Rafael Balago
via Nova Cana - imagem EPBR