Usinas do Centro-sul moeram 600% mais cana na segunda metade de fevereiro
As usinas de cana-de-açúcar do Centro-sul do Brasil moeram 551,73 mil toneladas da matéria-prima na segunda metade de fevereiro, informou nesta terça-feira (12/3) a Unica, entidade que representa a indústria do setor. O volume foi seis vezes maior (668,69%) que o do mesmo período no ano passado, quando o volume foi de 71,79 mil toneladas.
No acumulado da safra 2023/24, até o fim de fevereiro, passaram pelas usinas 647,15 milhões de toneladas de cana, 19,12% a mais que nos primeiros 11 meses da safra 2022/23, quando as usinas moeram 543,28 milhões de toneladas.
No relatório de acompanhamento de safra, a Unica informa que 17 unidades industriais estavam em operação até o fim do mês passado, duas delas iniciaram a moagem da matéria-prima referente à safra 2024/25. Nessa mesma época, na temporada 2022/23, 15 usinas estavam moendo cana.
“Em levantamento preliminar realizado pela Unica, espera-se que 28 unidades produtoras reiniciem as atividades durante a primeira quinzena de março. O ritmo de retorno das usinas pode sofrer alterações a depender das condições climáticas de cada região canavieira”, informa a entidade.
A qualidade da matéria-prima que chegou à indústria nos 11 primeiros meses da safra atual está menor em relação à temporada anterior. O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), ficou, em média, em 139,55 quilos por tonelada de cana, 1,13% a menos de um ano para outro.
Açúcar e etanol
A Unica verificou uma larga preferência das usinas pela produção de etanol na segunda metade de fevereiro. Segundo a entidade, 76,61% da cana enviada às unidades industriais foi transformada no biocombustível - seja anidro ou hidratado -, com 23,39% sendo transformados em açúcar.
A produção de açúcar no Centro-sul do Brasil foi de 16 mil toneladas no período. Situação bem diferente da registrada no mesmo período em 2023, quando não houve fabricação da commodity. No acumulado da safra 2023/24, o volume foi 25,66% maior de um ano para outro, passando de 33,56 milhões para 42,18 milhões de toneladas.
O volume de etanol que saiu das usinas na segunda metade de fevereiro foi de 329 milhões de litros, mais que o dobro do mesmo período no ano passado (154 milhões). A indústria do Centro-sul fabricou 295 milhões de litros de etanol hidratado e 34 milhões de litros de anidro.
No acumulado da safra 2023/24 até fevereiro, o mix de produção das usinas está em 50,98% para etanol e 49,02% para açúcar. Na temporada passada, as proporções eram de 54,06% e 45,94%, respectivamente.
A produção de etanol no atual ciclo chegou a 32,7 bilhões de litros, 15,68% a mais que no anterior, quando o volume no período foi de 28,27 bilhões (até o fim de fevereiro). Saíram das unidades industriais 19,72 bilhões de litros de etanol hidratado (+21,44%) e 12,98 bilhões de litros do anidro (+7,91%).
Vendas de etanol
Segundo a Unica, as vendas de etanol por parte das usinas do Centro-sul do Brasil aumentaram 32,44% na comparação entre fevereiro de 2024 e de 2023, e totalizaram 2,82 bilhões de litros.
As unidades industriais venderam 998,8 milhões de litros de etanol anidro (que atende à demanda para a mistura na gasolina), alta de 5,28% de um ano para outro. A comercialização de etanol hidratado (que abastece diretamente os veículos flex) aumentou 54,24% na mesma comparação e chegou a 1,82 bilhão de litros.
“Na comparação com janeiro de 2024, a elevada competitividade do biocombustível ante o concorrente fóssil mantém a demanda aquecida pelo renovável, indicando um crescimento de 11% nas vendas por dia útil, mesmo em um mês com três úteis dias a menos que janeiro”, avalia a entidade.
O mercado interno foi o destino de 168 bilhão de litros de etanol hidratado em fevereiro, 53,91% em relação ao mesmo mês em 2023. A comercialização do anidro foi de 975,91 milhões de litros (+10,7%). No total, o mercado doméstico demandou 2,66 bilhões de litros do biocombustível em fevereiro, aumento de 34,63%.
No acumulado da safra 23/24, a comercialização de etanol soma 29,76 bilhões de litros(+11,19%). Foram 18,08 bilhões de litros de hidratado (+18,63%) e 11,68 bilhões do anidro (+1,35%).
Cbios
A posse de Créditos de Descarbonização (Cbio) pela chamada “parte obrigada” (distribuidoras de combustível) chegou a 41,23 milhões de títulos, de acordo com a Unica, com base em dados da B3 até 8 de março.
Em relatório, a entidade que representa as usinas do Centro-sul do Brasil destaca que o volume está acima da meta para este ano, de 37,47 milhões de Cbios. O prazo final para 2024 é o dia 31 de março.
Do início do ano até o dia 8 de março, dados da B3 citados pela Unica indicam a emissão de 7,68 milhões de créditos.
Por Raphael Salomão — São Paulo - Globo Rural
Foto: Wenderson Araujo/CNA