EXPECTATIVA DE SUPERÁVIT GLOBAL DE AÇÚCAR EM 2021/22
A produção mundial de açúcar deverá superar a demanda no ciclo 2021/22 (que vai de outubro a setembro), e não será por causa do Brasil. Projeções sinalizam que o quadro de oferta deverá ser confortável com a entrada da nova safra internacional. Isso pode exercer pressão sobre as cotações na bolsa de Nova York, que acumulam valorização de mais de 50% nos últimos 12 meses.
Em sua primeira estimativa para o novo ano-safra, divulgada nesta quinta-feira, a StoneX projetou superávit global de açúcar de 1,7 milhão de toneladas, sua primeira previsão de superávit de dois anos; para a temporada que termina em setembro, a expectativa é de déficit de 3,7 milhões de toneladas. A última vez que a oferta mundial de açúcar superou a demanda foi em 2018/2019, segundo a consultoria.
Em linha com a empresa americana, a trading britânica Czarnikow estimou, em março, superávit de 3 milhões de toneladas. No mesmo mês, o holandês Rabobank projetou um saldo positivo de 1,5 milhão de toneladas.
Mais otimista está o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que divulgou na última terça-feira uma previsão de superávit global de açúcar de 11,1 milhões de toneladas. "As produções de União Europeia, Índia e Tailândia mais do que compensarão o declínio no Brasil. O consumo deverá aumentar para um novo recorde [174,4 milhões de toneladas] em virtude do crescimento em mercados como China e Índia", disse o USDA.
Ainda de acordo com a StoneX, a participação do Brasil na oferta global de açúcar deverá diminuir 1 ponto percentual, passando a ser de 20,8% do total em 2021/22. O recuo deves-se aos impactos da falta de chuvas sobre a produtividade dos canaviais do Centro-Sul. O país deverá produzir 35,5 milhões de toneladas, volume 7,1% menor que o de 2020/21. Para o USDA, o fornecimento do adoçante será de 39,9 milhões de toneladas, ou 5% menos que no ciclo anterior.
Independentemente do resultado brasileiro, os números globais devem pressionar as cotações do açúcar. No início deste mês, o preço do produto atingiu 18,10 centavos de dólar por libra-peso (contrato de segunda posição), seu maior patamar em quatro anos na bolsa de Nova York, mas desvalorizou-se desde então até chegar aos 17,22 centavos de ontem. Porém, em 12 meses, a commodity ainda acumula alta de 57,4%, segundo cálculos Valor Data. Se confirmado o superávit, agentes de mercados acreditam há espaço para mais correção de preços até a entrada da nova safra internacional.
Por Rikardy Tooge
Fonte: Valor Econômico