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USINAS ELEVAM OFERTA DE BIOELETRICIDADE

A expansão da oferta de bioeletricidade e de biogás provenientes de resíduos da produção de açúcar e álcool voltou ao radar dos investidores. Nos leilões de energia nova A-3 e A-4, previstos para 25 de junho, há 30 projetos inscritos que somam uma capacidade instalada de 1.358 megawatts (MW). “Se todos forem contratados, será a maior expansão na capacidade de geração do setor em uma década”, diz Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da União da Industria da Cana-de-Açúcar (Unica).

O setor sucroalcooleiro fechou 2020 com uma capacidade instalada de 11.925 MW. Em 2021 está prevista a entrada em operação de 17 novos projetos que elevarão essa capacidade em 298 MW. A capacidade total de geração de bioeletricidade no país, incluindo também a oferta proveniente da indústria da madeira, papel e celulose e do biogás, chegará ao final do ano perto de 16.000 MW. Irá superar com folga os 14.000 MW de Itaipu.

Alguns fatores influenciam positivamente os planos de retomada dos investimentos em bioeletricidade. “O principal é a perspectiva de aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei 414/21”, diz Souza. O PL prevê a modernização comercial do setor elétrico brasileiro e cria um novo mecanismo de reconhecimento dos atributos ambientais das fontes de energia, valorizando fontes renováveis.

Outro fator é o Renovabio, programa público que gera um crédito financeiro de descarbonização para a geração de biocombustível sustentado por empresas que precisam mitigar suas emissões de gases de efeito estufa. A expectativa do governo é que o Renovabio amplie em 25% a oferta de bioeletricidade até 2030.

A bioeletricidade gerada no setor sucroalcooleiro utiliza basicamente o bagaço da cana. Uma nova rota tecnológica foi desenvolvida para o aproveitamento da vinhaça, um passivo ambiental da produção do etanol.

O grupo Tereos fechou parceria com a ZEG Renováveis para aproveitar a vinhaça gerada na Usina Cruz Alta, em Olímpia (SP), para a geração de bioeletricidade e biometano, o biogás purificado ao padrão de gás natural, combustível apto ao abastecimento veicular e à distribuição para uso industrial.

As duas primeiras fases do projeto preveem investimentos de R$ 28 milhões em quatro lagoas biodigestoras para a geração de 5 MW de bioeletricidade a partir da safra 2022. A terceira fase, ainda em planejamento, terá 14 lagoas biodigestoras dedicadas a geração de biometano.

Ao todo, a ZEG Renováveis já fechou nove acordos com usinas de cana-de-açúcar para o aproveitamento da vinhaça. Os projetos somam R$ 400 milhões em investimentos até 2024 e devem gerar 1 milhão de m³ por dia de biometano e 10 MW de potência em bioeletricidade. “A vinhaça é o pré-sal do interior brasileiro”, diz Daniel Rossi, CEO da ZEG.

Em 2020 a produção de eletricidade proveniente de biomassas foi de 27.473.660 gigawatts/hora (GWh). O aproveitamento dos resíduos da cana proporcionou a geração de 22.604.406 GWh e com isso permitiu poupar 15% dos reservatórios das hidrelétricas do país. A escassez de chuvas deverá resultar em uma queda de 4% na colheita de safra 2021/2022.

Zilmar Souza, da Unica, afirma que a quebra da safra não afetará a geração de eletricidade. A remuneração atual da energia anima o produtor a buscar insumos em usinas que não aproveitam seus resíduos ou biomassas alternativas, como casca de arroz e cavaco de madeira. “Com os estímulos certos, o setor pode até ampliar em 15% sua oferta de bioeletricidade.”

A BP Bunge Bioenergia reúne 11 usinas com capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e adota uma estratégia de redistribuir a biomassa entre unidades próximas para o melhor aproveitamento dos recursos na geração de bioeletricidade.

Em 2021, devido à menor disponibilidade de bagaço, a companhia vai iniciar testes de aproveitamento de palha de cana-de-açúcar e cavaco de madeira em uma de suas unidades. “Se o teste for bem-sucedido, podemos expandir para as demais”, diz o diretor comercial Ricardo Busato Carvalho.

O grupo gera 2.000 GWh por ano, sendo 700 GWh destinados a autoconsumo nas usinas e 1300 GWh vendidos para a rede elétrica. Carvalho avalia que o setor sucroalcooleiro está na iminência de entrar em um ciclo expansionista, o que deverá beneficiar a geração de bioeletricidade. “Todas as empresas do setor hoje analisam oportunidades de investimentos”, afirma o diretor da BP Bunge Bioenergia. 

Fonte: Valor Econômico

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