Frente macro trouxe volatilidade e induziu ganhos no açúcar
Mais uma vez, a frente macro trouxe volatilidade e, desta vez, induziu ganhos em todas as principais commodities.
A decisão do Fed de não aumentar as taxas de juros contribuiu para um dólar mais baixo e um sentimento favorável à tomada de risco, afetando grãos, energia e softs.
O contrato do açúcar bruto encerrou a semana passada registrando alta de 2,7%, voltando a ficar acima de 26 USc/lb.
Embora responsável pela maior parte do movimento, a frente macro não foi a única notícia de alta. Os preços domésticos do açúcar na Índia também subiram durante a semana anterior, principalmente devido às crescentes preocupações com a reduzida precipitação no país, especialmente no Norte.
No Brasil, o clima mais chuvoso que o normal também contribuiu para a alta do adoçante. Após o resultado da UNICA, que elevou a moagem final de maio para 90,3Mt, acima dos anos anteriores, muitos esperavam que o mercado permanecesse bastante fraco durante o resto da semana.
No entanto, as preocupações de um inverno mais chuvoso voltaram a chamar a atenção, suavizando os bons resultados e dando aos altistas mais uma oportunidade.
“A última atualização do El Niño mostra que ele deve estar ativo durante o inverno do Brasil e a principal janela de desenvolvimento da cana na Índia, uma realidade que parecia já estar precificada – já que as discussões sobre seus possíveis efeitos não são novidade. No entanto, quando consideramos os resultados do modelo de precipitação de longo prazo, eles não parecem ter piorado, na verdade, eles apontam melhores condições”, ressalta Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint Global Markets.
Embora o inverno brasileiro deva ser mais chuvoso, principalmente em agosto – tendência já destacada em discussões passadas –, as condições para moagem entre junho e julho devem melhorar. Quanto à Índia, apesar de o mês de junho ser um pouco mais seco, a previsão atual indica que as chuvas estão chegando, segundo a analista.
“Os fatos permanecem os mesmos: o mercado está apertado e o clima do Sudeste Asiático é um fator chave a ser monitorado. Dependendo da recuperação e da política de exportação da Índia, podemos ver algum alívio nos fluxos comerciais também no futuro. No entanto, essa ainda é uma incerteza de médio/longo prazo. No curto prazo, o que resta dizer é que as melhorias climáticas continuam positivas para a atividade das usinas brasileiras”, diz.
Segundo a analista, o país deve manter o açúcar fluindo – as nomeações nos portos brasileiros mostram um bom ritmo com uma melhora de aproximadamente 10% em junho em relação à primeira quinzena de maio.
“Mais produto significa um pouco mais de conforto no curto prazo, adicionando um limite a possíveis ganhos de preços. Portanto, não esperamos que eles subam mais na ausência de uma grande manchete altista”, afirma.