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Lucro líquido do CTC cai 70,6% no 4º trimestre da safra 2022/23, para R$ 11,1 milhões

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) registrou lucro líquido de R$ 11,1 milhões no quarto trimestre da safra 2022/23, encerrado em março, recuo de 70,6% ante igual período da temporada anterior, quando obteve resultado de R$ 37,82 milhões.

O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 45,8% na mesma comparação e atingiu R$ 28,76 milhões. A receita líquida registrou queda anual de 18,2% no trimestre, para R$ 92,17 milhões.

No acumulado da safra, o lucro líquido caiu 31,8% em comparação com a temporada 2021/22, para R$ 91,4 milhões.

Os resultados do CTC continuam refletindo o término da vigência da proteção das cultivares CTC 1 a 5, o que cessou o direito à cobrança dos royalties das variedades. Embora o recuo anual já fosse esperado, a diretora de relações com investidores do CTC, Denise Araújo Francisco, afirmou que a queda foi parcialmente compensada pelo mix de produtos mais variado, com maior valor comercial.

“A queda da patente, desde que o CTC entrou em operação, já era esperada, mas o mix de preços das novas variedades que a gente lançou desde então fez com que a redução de receita fosse muito menor do que a redução de área faturada”, disse ela.

A margem Ebitda do último ciclo ficou em 39,3%. Embora represente uma queda de 13 pontos porcentuais ante o consolidado de 2021/22, a executiva afirmou que os investimentos mais robustos em pesquisa e desenvolvimento no ano, que passaram de R$ 200 milhões (+19,1% ante 2021/22), também afetaram o índice. “Se não tivéssemos esses investimentos, estaríamos falando de uma margem Ebitda próxima de 70%”, ressaltou.

Com a adoção das variedades lançadas e a gestão de portfólio, ela prevê que a companhia não verá mais reduções dos resultados na comparação anual, como a registrada no último ciclo. A expectativa é de que os próximos balanços do CTC já demonstrem a retomada da margem Ebitda, em torno de 50%, além do aumento do mix de preços e da área plantada.

“Queremos manter esse ritmo de investimentos, focados em margens elevadas para que possamos continuar com essa solidez financeira”, disse ela, ressaltando que a empresa está com caixa para esse tipo de aplicação.

Renovação de canavial

A renovação dos canaviais nos últimos anos contrariou o que previam pesquisadores do CTC, companhia de melhoramento genético e biotecnologia na cana-de-açúcar. A troca da matéria-prima ficou abaixo dos 15% da área, que costumava ser um padrão.

Para a temporada 2023/24, no entanto, o CTC espera voltar às margens e vê o produtor mais capitalizado para isso. “Será um ciclo muito virtuoso”, disse Denise Araújo Francisco.

Segundo a executiva, há variedades de clones de cana que já entregam 16 toneladas de açúcar por hectare, enquanto o Brasil registra em média 10 toneladas por hectare e o Centro-Sul registra 12 toneladas por hectare.

“Temos tido taxa de crescimento e multiplicação acima das melhores variedades que o setor já teve no passado, e isso já nos garante um cenário de crescimento nos próximos anos”, afirmou.

Além do avanço na produtividade, os produtores de cana devem ser atraídos também pelos recordes de preço do açúcar no mercado internacional, além do incentivo ao etanol como parte da agenda de transição energética.

“A indústria hoje está com 25% da capacidade ociosa, porque falta cana e produtividade. Sem a necessidade de expandir área, a gente consegue entregar essa produtividade daqui para a frente”, destacou.

De olho no ciclo virtuoso do açúcar e da cana, a diretora de relações com investidores disse que o CTC busca fontes de financiamento para apoiar novas pesquisas e segue atento ao mercado e à possibilidade de abertura de capital.

A companhia possui um objetivo de colocar as ações em circulação, mas aguarda ainda um momento adequado. “A B3 está ciente de que não há janela nesse momento para as nossas operações. Queremos cumprir com o objetivo, mas em um cenário que seja favorável”, afirmou.

Entre as inovações do segmento, a diretora destacou que o CTC lançou três variedades em 2022/23 e pretende lançar uma ou duas no próximo ciclo. A companhia também avançou expressivamente no Projeto Sementes, iniciativa que pretende revolucionar o plantio de cana-de-açúcar a partir do encapsulamento do material genético da planta.

O projeto será testado em 4 mil hectares de usinas parceiras do CTC neste ano e a perspectiva, a depender dos resultados desta temporada, é a de que em duas ou três safras o produto seja comercialmente lançado em breve.

Por Gabriela Brumatti, via Nova Cana

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