Com nova safra prestes a começar, emissões de CBios voltam a subir
Ao mesmo tempo em que as usinas de cana-de-açúcar se preparam para recomeçar as atividades, o volume escriturado de créditos de carbono (CBios) do programa RenovaBio voltou a subir.
Na segunda quinzena de março, as produtoras certificadas no programa geraram 1,97 milhão de títulos, em uma alta anual de 21,7%. No mesmo período do ano passado, foram emitidos 1,62 milhão de CBios.
Contando com os créditos escriturados desde o começo de 2022, já foram colocados em circulação 39,79 milhões de CBios. O montante ultrapassa em 10,6% a meta estabelecida para 2022, de 35,98 milhões de créditos, que deverá ser comprovada até setembro de 2023, de acordo com decreto do Ministério de Minas e Energia (MME).
Os números fazem parte do acompanhamento do mercado de créditos realizado pela Bolsa de Valores Brasileira (B3), única entidade registradora do programa.
Em sua divulgação de dados, a B3 afirma que as operações a termo serão divulgadas na data de registro e, caso não sejam liquidadas, serão retiradas do histórico. Em dezembro, o governo publicou uma portaria de compra e venda futura de CBios.
O NovaCana entrou em contato com a bolsa questionando sobre as negociações de futuros, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Especificamente neste ano, a geração de créditos soma 8,56 milhões, alta de 25,3% ante os 6,83 milhões observados um ano antes.
As obrigações de 2023, de 37,47 milhões de CBios, deverão ser entregues até março do próximo ano. Na segunda-feira, 3, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou as metas individuais das distribuidoras.
De acordo com a agência, entre janeiro e março, as usinas certificadas cadastraram notas fiscais suficientes para a geração de 8,4 milhões de CBios. Assim, considerando o mesmo período, as unidades emitiram 158,63 mil créditos a mais do que o acompanhamento da agência.
Desde o início do RenovaBio até o momento, o total de CBios já chega a 89,17 milhões de créditos.
Ainda segundo a ANP, 317 unidades participam do RenovaBio atualmente. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel.
Dentre as 282 usinas de etanol certificadas, 271 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; seis processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Nova queda nos preços
Assim como na quinzena anterior, os preços dos créditos caíram levemente. Na segunda metade de março, os papéis foram negociados entre R$ 91,91 e R$ 100, com o menor valor sendo registrado no dia 31 e o maior aparecendo em 28 e 29 de março.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 209,50.
De acordo com cálculos realizados pelo NovaCana a partir de dados da B3, os papéis foram negociados, em média, a R$ 96,79 no período. O valor está 1,8% abaixo do visto na primeira quinzena de março, de R$ 98,61.
Esta é a segunda retração consecutiva no valor médio. O valor também é 13,3% inferior à média de 2022, de R$ 111,63. Por outro lado, ele está 28,9% acima da média histórica do programa, de R$ 75,10.
De acordo com a B3, 3,7 milhões de CBios foram negociados na segunda quinzena de março. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram negociados 3,91 milhões de créditos, houve um decréscimo de 5,7%.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a entidade.
Posse e aposentadoria
No dia 3 de abril, a B3 iniciou a sessão com 24,83 milhões de créditos em circulação. Do total, 65,6%, ou 16,28 milhões de títulos, estavam com as distribuidoras com metas a cumprir. As usinas certificadas detinham 7,78 milhões, 31,3% do montante. Por fim, 765,87 mil estão com investidores sem metas (3,1%).
De janeiro até o final de março, 8,55 milhões de créditos foram aposentados, com 3,11 milhões saindo de circulação na última quinzena. No acumulado desde 1º de janeiro de 2022, por sua vez, o volume alcança os 25,38 milhões.
Desta forma, o equivalente a 70,5% da meta de 2022 foi realmente atingido até o momento.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste volume seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias do ciclo atual devem ser contabilizadas apenas para o próximo.
Em 2022, segundo a ANP, não houve aposentadorias por investidores sem obrigações com o programa.
Via Giully Regina – NovaCana