Fim da proteção de variedades impacta receita do CTC no 3T23
O CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) registrou receita líquida de R$ 105,4 milhões no terceiro trimestre da safra 2022/23, redução de 9% em comparação ao mesmo período da safra anterior.
A diminuição refletiu o término da vigência da proteção de cultivares e fim do direito à cobrança de royalties das variedades CTC 1 a 5 e foi compensada pela melhora no mix de produtos com maior valor agregado.
O EBITDA no 3T23 totalizou R$ 46,3 milhões, menos 28,5% em relação ao período anterior, impactado pela redução na receita e o crescimento dos desembolsos nas áreas comerciais e nos investimentos em P&D. O lucro líquido atingiu R$ 33,5 milhões, menos 14,5% em relação ao 3T22, devido a menor receita e EBITDA.
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“A fim da proteção das variedades CTC 1-5 impactou parcialmente a receita, mas observamos uma compensação já que essas variedades estão sendo substituídas de forma gradativa e programada por variedades premium mais produtivas e de maior valor agregado”, explica Denise Araújo Francisco, diretora Financeira e de Relações com Investidores do CTC.
“Encerramos o trimestre com caixa robusto e sólida posição financeira que demonstra a alta capacidade de investimento da companhia frente aos crescentes desembolsos esperados para os próximos anos nas diferentes plataformas tecnológicas”, destaca a executiva.
No 3T23, o resultado financeiro líquido foi positivo em R$ 13,1 milhões, comparado a R$ 4,9 milhões no 3T22, devido, principalmente, às sucessivas altas na taxa de juros (SELIC), incidente sobre uma base de caixa maior, gerando um duplo impacto positivo. O caixa líquido totalizou R$ 427,5 milhões no 3T23, com aumento de 14% no caixa líquido na comparação com o mesmo período da safra anterior.
Aumento de Market Share
Um dos destaques do trimestre foi o aumento de market-share de plantio em 3 pontos percentuais acima do trimestre anterior (2T23). O market share alcançou 39% com variedades CTC, das quais 56% referem-se a variedades Elite e Geneticamente Modificadas (GM).
A área faturada, refletindo a saída das variedades CTC de 1 a 5, diminuiu aproximadamente 136 mil hectares, variando de 422 mil de hectares no 3T22 para 286 mil de hectares no 3T23. O preço médio aumentou de R$ 229 no 3T22 para R$ 315 no 3T23, superior aos índices inflacionários do período.
O CTC também registrou a comercialização de um maior volume de mudas, que aumentou as “Outras Receitas” em R$ 4 milhões no comparativo com o mesmo período da safra passada. Esses fatores compensaram parcialmente o impacto que a queda da proteção das variedades CTC 1-5 teve sobre a receita desta safra, sem perspectiva de recorrência futura.
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Pesquisa & Desenvolvimento
Os custos de pesquisa e desenvolvimento alocados no resultado do 3T23 foram de R$41,5 milhões, aumento de 7,8% sobre o 3T22. A elevação se deve ao forte ritmo de pesquisas em andamento, com destaque as áreas de Biotecnologia e Sementes.
O total de investimentos em P&D, incluindo as adições ao intangível, foi de R$ 55 milhões, mais 25,4% em relação ao 3T22. Os custos de P&D, incluindo o intangível, representaram 52,3% da receita líquida no 3T23, comparado a 37,9% no mesmo período do ano anterior.
“O projeto Sementes, novo sistema de plantio comercial baseado no uso de sementes sintéticas a partir de embriões de cana-de-açúcar, em substituição ao sistema atual, passou de uma fase de pesquisa para uma fase mais avançada de desenvolvimento”, destaca Denise.
“Trata-se de um projeto inovador que vai elevar a produtividade do setor por meio da redução dos ciclos de renovação, sanidade do material genético e aumento da eficiência técnica e operacional do plantio”, concluiu.
Por Andréia Vital, via Jornal Cana