Transição verde também mobiliza setor financeiro
Durante evento promovido pelo Credit Suisse, recentemente, Alexandre Abreu, CFO do BNDES, afirmou que a transição para uma economia mais verde será a prioridade número 1 do banco, que estuda a criação de um fundo para comprar títulos de dívida ESG e fomentar esse mercado.
“Temos grandes desafios na transição energética para uma economia verde. Acho que esse é o principal ponto. É onde o mundo olha para o Brasil”, disse o executivo, acrescentando que vê uma possibilidade “enorme” de o país atrair recursos para a indústria focada nesse modelo de desenvolvimento.
Alexandre Abreu
A diretora de mercado de capitais do banco, Natalia Dias, disse já ser possível identificar uma janela no mercado para captações externas específicas para o financiamento de projetos alinhados a questões ambientais e sociais.
Ela afirmou que o BNDES pode ter um fundo específico para fomentar o mercado de títulos de dívida com metas de sustentabilidade.
Já atuando na compra de crédito de carbono para fomentar o mercado, o BNDES também vislumbra a possibilidade de atuar como vendedor desses ativos.
Neste mesmo evento, o CEO da Cosan, Luis Henrique Guimarães, em participação virtual, também falou sobre descarbonização e transição energética, aproveitou para falar sobre esses temas e os potenciais do Brasil na área, discorrendo ainda sobre a aquisição pela holding de uma fatia da Vale.
“Gostamos de achar ativos irreplicáveis e a Vale é um deles, pela qualidade do minério e sua posição em metais básicos, um enorme ativo na transformação da indústria”, disse.
O executivo reforçou que a Vale está devidamente posicionada nesses segmentos, algo que justifica o investimento feito pela Cosan, mas cobrou mudanças no licenciamento e liberação de projetos que envolvam a exploração de recursos naturais.
Luis Henrique Guimarães
No fim do ano passado, quando o negócio entre Vale e Cosan foi anunciado, Guimarães afirmou que a união serviria para complementar o portfólio da holding de maneira estratégica.
O objetivo, segundo ele, é ser capaz de atuar em todas as atividades em que o Brasil possui vantagens competitivas — com a exploração de metais e minério entre elas. Nos últimos anos, a Cosan vem aumentando significativamente sua atuação nos segmentos de energia, mineração, óleo e gás.
O portfólio da companhia já inclui atividades nos setores de crédito de carbono (a partir da Raízen e da Radar), óleo e gás (com Raízen e Comgás, energias renováveis (também a Raízen) e commodities agrícolas com a Rumo.
Por Andréia Vital, via Jorna Cana