Açúcar: mercado se divide entre fatores altistas e baixistas; confira análise da hEDGEpoint
O açúcar bruto enfrentou correções durante as primeiras semanas de 2023. Embora o movimento fosse esperado, dado que o mercado entra em um ano de superávit, a queda foi limitada. Neste relatório pretendemos discutir as principais notícias que provocaram uma queda de 11% entre 26 de dezembro e 6 de janeiro e os motivos pelos quais o açúcar não rompeu o suporte de 18,7 USc/lb.
Nos últimos dias de dezembro, o açúcar encontrou sustentação no atraso do Hemisfério Norte. A escassez de oferta causada por atrasos na Tailândia, Austrália e América Central induziu os preços a 21 USc/lb. No entanto, notícias positivas quanto à nova safra do Centro-Sul brasileiro e a probabilidade de o novo governo do país estender a isenção dos impostos federais sobre os combustíveis começaram a afetar os preços pouco depois.
Em janeiro foi confirmada a prorrogação da isenção de impostos federais por mais 60 dias no Brasil, até o dia 28 de fevereiro. Essa decisão foi um dos principais motivos da correção de preços na primeira semana de 2023, pois sinalizou uma menor competitividade do etanol tanto em relação à gasolina quanto ao açúcar, induzindo a uma maior produção do adoçante e o início de uma liquidação dos fundos.
Não apenas isso, mas a decisão do governo brasileiro deixou o mercado em alerta quanto ao que esperar para o setor de etanol em 2023. Nada foi decidido sobre a gasolina ser um bem essencial ou não e, portanto, ainda está aberto a discussões. Enquanto isso, alguns estados aumentaram suas alíquotas gerais de impostos, contornando esse dilema e tentando recuperar parte da perda de receita. Por fim, a fórmula de precificação da Petrobras pode sofrer algumas mudanças ainda neste ano e, pelo histórico, pode ser feita para que os preços sejam reduzidos artificialmente -- pior cenário para o setor de etanol. Nesse sentido, muito ainda deve ser decidido. Até o momento, o setor segue apostando em mais um ano açucareiro e uma menor participação do hidratado na demanda de combustíveis.
Dessa forma, o viés baixista nos chamou atenção: superávit combinado com uma possível queda nos preços do hidratado que costuma funcionar como um piso para o açúcar a partir de abril. Essa combinação trouxe o mercado de volta ao patamar de 19USc/lb. No entanto, o adoçante falhou em romper o suporte em 18,7 USc/lb. Por quê?
Primeiro, as vendas dos fundos foram lentas, pois o mercado ainda sente o aperto causado pelo atraso do Hemisfério Norte -- e os rumores sobre a piora da produtividade indiana parecem estar compensando seu bom ritmo de moagem!
Em segundo lugar, o sentimento de risco do mercado diminuiu. Enquanto se espere que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos continue em baixa, a necessidade de aumentos nas taxas de juros torna-se limitada. Portanto, o ambiente macro tornou-se favorável. Não só isso, mas as esperanças de uma forte recuperação da atividade chinesa e, consequentemente, de sua demanda por petróleo, induziu alta no complexo energético, refletindo diretamente nos preços do açúcar.
Do lado dos fundamentos, embora alguns destinos possam hesitar em comprar açúcar a nível extremamente alto, como 21USc/lb, eles ainda precisam pagar a paridade de exportação indiana. Ao entrarmos na entressafra brasileira, a participação do país nos fluxos comerciais torna-se restrita. Durante o primeiro trimestre, é comum que os principais destinos encontrem produtos na Tailândia e na Índia. Este último, o maior produtor asiático, tem um alto custo de exportação, atualmente estimado em 18,6USc/lb.
Por hEDGEpoint Global Markets, via Notícias Agrícolas