“País precisa adotar plano consistente de descarbonização da economia”, diz presidente da CNI
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu a adoção de um plano consistente para que o país reduza as emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, promova o crescimento sustentável do Brasil.
Em discurso realizado na terça-feira (15) para representações empresariais brasileiras e estrangeiras, parlamentares e autoridades, no Egito, o dirigente destacou que a CNI tem incentivado iniciativas empreendedoras e atuado junto ao governo para avançar na transição para uma economia de baixo carbono. Para isso, estabeleceu uma estratégia nacional que se baseia em quatro pilares – transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
“A indústria brasileira, que sempre desempenhou um papel relevante no desenvolvimento do país, é essencial para ampliar os investimentos em tecnologias limpas, criar soluções voltadas à consolidação de uma economia de baixo carbono e criar empregos de qualidade”, disse.
“Nossas propostas para essas áreas vêm sendo amplamente discutidas com o setor produtivo, com os governantes e com representantes de outros segmentos da sociedade. A expectativa da indústria é que as sugestões sejam consideradas nos projetos do governo eleito, ajudando o país a superar as adversidades e a avançar nos próximos quatro anos”, destacou.
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O encontro Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono acontece em paralelo à programação da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP27. O objetivo do evento, promovido em parceria com a Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês), é discutir as oportunidades de negócios e de investimentos voltados à descarbonização da economia brasileira.
Participaram da abertura o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, o ministro do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler, e o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Osmar Chohfi.
Retomada do crescimento econômico e combate à mudança climática
O presidente alertou que, diante dos riscos de uma nova recessão global, as ações de combate às mudanças do clima devem ser combinadas com medidas que estimulem a retomada do crescimento econômico sustentado em todo o mundo. E medidas unilaterais que visam à imposição de barreiras ambientais ao comércio internacional podem causar prejuízos às exportações brasileiras.
“Recuperar a economia e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente são imprescindíveis para a redução das desigualdades sociais e para garantir o bem-estar da população. As medidas necessárias devem atingir, principalmente, os setores produtivos menos organizados e os fabricantes de produtos com baixa intensidade tecnológica, que são os mais vulneráveis às adversidades econômicas e climáticas. As restrições também podem afetar os preços de matérias-primas e insumos, elevando os custos dos segmentos que dependem de importações”, apontou.
Energia limpa e produção de alimentos destacam país no cenário global
Dar respostas adequadas e eficazes aos desafios climáticos é especialmente importante nesse momento em que os problemas trazidos pela pandemia da covid-19 e pela guerra na Ucrânia exigem ações efetivas e urgentes para garantir a segurança alimentar e afastar o risco de desabastecimento de energia.
Segundo o presidente da CNI, o Brasil reúne as condições necessárias para ser um dos líderes do esforço global que busca a superação desses obstáculos e a transição para a economia de baixo carbono.
Entre as principais vantagens do país estão o potencial para ampliar a capacidade de geração de energia limpa e a competitividade brasileira em temos de produção de alimentos. Além disso, o Brasil vem desempenhando um papel relevante nas negociações do Acordo de Paris, o pacto multilateral que visa controlar o aumento da temperatura do planeta.
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Essa posição de destaque, pontuou o dirigente, é resultado de iniciativas e de políticas que, há muitos anos, vêm sendo adotadas pelo setor governamental brasileiro e pelas empresas.
Para que consiga elevar ainda mais o percentual de participação de fontes renováveis na matriz energética (que atualmente está em cerca de 45% e é uma das mais limpas do mundo), o país conta com a promissora produção de hidrogênio verde, o desenvolvimento de parques eólicos em alto-mar para produção de energia a partir da força do vento e o fortalecimento do programa de biocombustíveis.
“O Brasil foi pioneiro no desenvolvimento e no uso de biocombustíveis, provando que é possível combinar a produção de combustíveis renováveis e de alimentos com o respeito ao meio ambiente. O programa RenovaBio, que é modelo para o mundo, estabelece metas de descarbonização do setor e tem contribuído para o aumento da oferta de energia sustentável no país”, disse Andrade.
“Estou certo de que o setor industrial, que vem fazendo investimentos expressivos em ações sustentáveis, continuará contribuindo para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo país no Acordo de Paris e para a construção de um futuro melhor para todos os brasileiros”, disse.
Por Andréia Vital, via Jornal Cana