Clima bom fez com que canaviais recuperassem 7% de TCH
O clima está colaborando para o bom desenvolvimento dos canaviais, mantendo as previsões otimistas para a próxima safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro.
“Essa foi uma safra de recuperação. A gente passou por eventos bastantes complicados para o desenvolvimento da cana, em 2021: três geadas em grande parte do Centro-Sul, grandes queimadas, uma seca muito intensa e isso afetou os canaviais que foram colhidos ao longo deste ano”, explicou o coordenador do Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), o Prof. Fábio Marin.
Ainda assim, segundo o professor, considerando que as condições de outubro de 2021 até março de 2022 foram melhores, ocorreu uma recuperação, em média, no Centro-Sul, de 7% a mais de TCH, apenas decorrente do clima.
Para a próxima safra, o pesquisador se diz animado, já que a temporada deverá ser marcada pela neutralidade climática, com boas condições apresentadas desde setembro em boa parte do estado de São Paulo, depois de praticamente três anos de um clima muito desafiador.
“Tivemos o melhor setembro dos últimos 10 anos. Essas boas condições climáticas – temperatura adequada e níveis de radiação muito bons – permitiram que a cana voltasse a crescer mais cedo. Então, a cana deu um ‘start’ mais cedo, o que melhora bastante a perspectiva para a cana de início de safra”, afirmou.
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Prof. Fábio Marin
O pesquisador apresentou a palestra “Clima, processos produtivos e as ferramentas do setor para a mitigação de riscos” no III Encontro da Cana-de-Açúcar: Futuro e Inovações do Setor Bioenergético, que começou nesta quinta-feira (10) e se encerra nesta sexta-feira (11) no auditório Jumbão, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), em Piracicaba-SP.
No evento, organizado pelo Grupo de Estudos “Luiz de Queiroz” (GELQ), Marim falou, ainda, sobre as tendências do agro para as próximas décadas, reforçando a necessidade da intensificação sustentável para reduzir o gap produtivo da cana.
Ressaltou a necessidade de o monitoramento climático ser modificado para se tornar um dos elementos de gestão e planejamento, assim como a necessidade de ser numericamente discriminado para quantificação da variabilidade vinda do manejo.
“O clima passará a ganhar cada vez mais atenção do setor produtivo, com tendência de mudanças climáticas e avanço tecnológico”, concluiu.
Por Andréia Vital, via Jornal Cana