Para Pecege musculatura financeira do setor permite enfrentar ciclos de baixa
A safra 2021/22 foi, de forma geral, de melhora da musculatura financeira do setor sucroenergético. Essa melhora se deu por conta da maior geração operacional de caixa que, por sua vez, foi puxada pelos efeitos da elevação da receita média de vendas.
Tal geração de caixa sustentou um movimento de desalavancagem da média do setor. Essa foi a síntese da avaliação dos consultores Beatriz Ferreira e Haroldo Torres, do Pecege, durante a sexta edição da Expedição Custos da Cana, promovida pela consultoria no último dia 27 de outubro.
Durante o evento, os especialistas falaram sobre o desempenho e a performance financeira do setor sucroenergético nas safras 2021/22 e 2022/23.
Os investimentos foram retomados de forma expressiva nas últimas safras, seja na forma de aumento da renovação dos canaviais ou na expansão para projetos de diversificação de portfólio e o mercado de capitais passa a ser uma alternativa muito atrativa para reestruturação do endividamento das usinas.
Além da musculatura financeira, os consultores destacaram o maior acesso ao mercado de capitais por parte de grupos mais estruturados financeiramente.
Haroldo Torres
“De forma geral, o setor tem conseguido captar recursos com prazos mais longos de pagamentos e melhores condições de juros (menores spreads), a despeito da condição econômica do país em termos de taxa básica de juros. Essas captações menos onerosas são, em grande medida, realizadas no mercado de capitais. Uma vez que o conhecimento do investidor tem aumentado em relação ao setor, o espaço para novas emissões – seja de CRA, debêntures ou até mesmo IPO – ganha corpo. Dessa forma, se observa – paulatinamente – a melhora da estrutura de capital das usinas”, explicam os analistas do Pecege.
Segundo os especialistas, em termos prospectivos, no ciclo 2022/23, devem permanecer as pressões de custos oriundas, em particular, da área agrícola, com a forte elevação no preço dos fertilizantes observadas em relação à 2021/22.
Beatriz Ferreira
Quanto à produtividade, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta ligeira elevação, mas que é compensada pela redução da área plantada de cana, implicando em perspectiva de redução da moagem. As expectativas quanto ao preço dos combustíveis, especialmente após as modificações tributárias, limitam novos ganhos nos preços do etanol e, via mix, do açúcar.
Em contrapartida, o custo da cana de terceiros, assim como o de arrendamento, tendem a ser minorados por este movimento mais restrito da receita do setor.
“Em suma, tem-se um cenário ainda mais desafiador na safra 2022/23. O ganho de musculatura do setor nos dois últimos exercícios, no entanto, deve conceder maior liquidez para que as usinas transitem por eventuais ciclos de baixa”, avaliam os especialistas.
Por Andréia Vital, via Jornal Cana