Analistas dão como certa a baixa do açúcar; dúvida é quando ela vai começar
A incerteza é sobre o momento em que as cotações vão começar a descer do patamar dos 18 centavos de dólar a libra-peso na bolsa de Nova York, em que estão há mais de um ano. Enquanto alguns analistas avaliam que o fluxo de exportações ainda será apertado no primeiro semestre de 2023, o que reduziria o espaço para quedas, há quem aposte em um alívio já no início do ano que vem.
A consultoria hEDGEpoint, que divulgou ontem relatório com projeções para os preços, está no time dos que acreditam que a curva de baixa começará no primeiro trimestre de 2023. Segundo a empresa, a queda vai se acentuar a partir de abril, quando começa a safra do Centro-Sul do Brasil, que deve ofertar mais açúcar que no último ciclo.
A consultoria observa que a curva já está indicando preços abaixo de 18 cents após março de 2023. "Com a expectativa de recuperação da próxima safra brasileira, os fluxos comerciais ficarão mais confortáveis e em linha com o superávit esperado para a safra [internacional] 2022/23", que vai até setembro.
A estimativa da hEDGEpoint é que o fluxo (diferença entre exportações e importações) será ligeiramente positivo no trimestre atual (83 mil toneladas), chegando a 788 mil no primeiro trimestre de 2023.
A oferta indiana vai demorar um pouco para começar a chegar ao mercado internacional, já que a moagem de cana está atrasada. Mas a Índia país vai fabricar mais açúcar nesta safra, assim como a Tailândia, e espera-se que Nova Déli anuncie logo a primeira tranche de cota de exportação deste ciclo - algo em torno de 6 milhões de toneladas.
A consultoria avalia que, nesse cenário, o mercado ainda encontrar suporte nos 18 cents, preço de paridade de exportação do açúcar na Índia, por mais alguns meses. Ontem, porém, os lotes para março de 2023 já fecharam abaixo desse patamar em Nova York, em 17,86 centavos.
Outros analistas, porém, avaliam que a sustentação se estenderá pelo primeiro semestre de 2023, por causa um aperto mais prolongado no fluxo internacional. A Datagro estima superávit de 1,3 milhão de toneladas na safra global (número ainda apertado), mas formado no terceiro trimestre de 2023. A percepção é compartilhada pela trading Sucden.
Por Udop, via Portal do Agronegócio