Setor bioenergético brasileiro pode inspirar ações de sustentabilidade globais
O painel “Impulsionando mudanças no setor sucroenergético: o que o resto do mundo pode aprender com o Brasil” realizado durante a Bonsucro Global Week analisou as transformações promovidas pelo setor bioenergético, conferindo padrões de sustentabilidade que podem nortear ações pelo resto do globo.
Sob a moderação de Eduardo Leão de Sousa, da Unica, o painel contou com a participação de Renata Camargo, Unica; Danielle Machado S. Conde, da ANP: Agência Brasileira Reguladora de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; Roberto Hollanda Filho, do Fórum Nacional Sucroenergético e Bruno Rangel Geraldo Martins, vice-presidente da ORPLANA.
Bruno Rangel Geraldo Martins, vice-presidente da ORPLANA, apresentou o projeto Muda Cana, idealizado em parceria com a Solidaridad Network, que atua primordialmente na oferta de assistência técnica ao produtor de cana-de-açúcar e no fortalecimento da sua representatividade política em assuntos de interesse da categoria. Para tanto, a ORPLANA investiu R$ 4 milhões de reais na ação, apoiando 23 associações por meio de consultorias e capacitações com mais de 40 ações de fomento à representatividade que beneficiam toda a cadeia do setor sucroenergético.
“Políticas de incentivo e investimentos em educação sobre os conceitos de sustentabilidade são fundamentais para que se façam os três pilares: ambiental, social e econômico. Obviamente ser sustentável reflete em maiores custos, por isso o incentivo fiscal é de extrema importância. Ainda existe um tabu de que ser sustentável significa apenas plantar árvores. Mas, a sustentabilidade está muito além disso. Passa por valores, conceitos e implantação de práticas em todos os níveis”, afirmou Martins.
Além de projetos como o Muda Cana, o engajamento da ORPLANA também gera resultados para a sustentabilidade dos negócios dos produtores canavieiros, por meio de ações que fortalecem o setor sucroenergético.
Dentre elas: aprovação (ainda em tramitação) do Projeto de Lei 3149/2020 – que trata da remuneração dos CBIOs e prevê divisão dos valores de venda na proporção de 80% aos produtores rurais – e, também, a PEC – Proposta de Emenda à Constituição 15/22 (que estabelece diferencial de competitividade, pelos próximos 20 anos, aos biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis), resultando na redução da alíquota do etanol hidratado.
Danielle Machado S. Conde, da ANP, destacou que o programa RenovaBio, até o momento, está focado nas reduções da intensidade de carbono, e na remuneração da emissão dos créditos proporcionais.
“Ainda não temos o foco social, mas estamos sendo provocados nesse sentido. A lei que criou o RenovaBio não fala de forma muito objetiva na questão social, mas tangencia a sustentabilidade. Então há uma tendência para uma evolução do programa no atendimento das demandas sociais”, avaliou Danielle.
Eduardo Leão de Sousa, da Unica fez menção ao Projeto #RenovAção, considerado uma das mais bem sucedidas iniciativas de requalificação profissional da cadeia produtiva de cana, coordenado pela Unica e Feraesp, entre 2010 e 2015, e que oferecia mais de 30 cursos, voltados para a atividade agroindustrial canavieira, com aulas práticas e teóricas oferecidas por 20 escolas do SENAI, envolvendo milhares de cortadores de cana, que poderia vir a ser replicado e em diversas localidades.
Por Andréia Vital, via Jornal Cana