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Pior seca em 500 anos golpeia produção de açúcar na Europa

As altas temperaturas e a longa estiagem na Europa estão derrubando, literalmente, a produção de alimentos. A Comissão Europeia estimou hoje (5/10) que a fabricação de açúcar, que no continente é feito a partir da beterraba, deve cair 6,9% nesta safra (2022/23), para 15,5 milhões de toneladas.

A União Europeia enfrentou nos últimos meses a pior seca em 500 anos, segundo avaliação recente do pesquisador sênior Andrea Toreti, da Comissão Europeia. De acordo com os dados que o cientista analisou de forma preliminar, as condições climáticas deste ano já são piores do que as de 2018, quando ano da pior seca dos últimos cinco séculos.

As regiões mais afetadas pela estiagem foram o norte e o centro-leste da Europa. As condições foram mais favoráveis em algumas áreas ao sul do continente.

A produtividade média das beterrabas nas lavouras europeias deve ser de 73,2 toneladas por hectare, um desempenho 4% inferior ao da temporada anterior. A área de cultivo, por sua vez, também diminuiu 4% e passou a ser de 1,43 milhão de hectares.

Beterraba mais "doce"

Um pequeno efeito positivo do clima seco foi o aumento da concentração de sacarose nas beterrabas. A Comissão Europeia estima que o teor de sacarose nos tubérbulos terá um leve aumento, mas a colheita de beterraba será 7,7% menor do que a da safra passada, chegando a 105 milhões de toneladas.

Por causa da quebra na safra de açúcar, a UE ter que aumentar suas importações em relação a 2021/22, quando as compras foram de 1,4 milhão de toneladas. Com isso, as exportações do bloco - que costumam ser de açúcar já branco, para consumo em outras regiões no mundo - devem cair.

A relação entre oferta e demanda só não será mais apertada porque a pressão inflacionária deve conter o consumo. A Comissão Europeia estima que a demanda no bloco vai cair 1,6%.

Refugiados

A previsão já considera a chegada à UE de refugiados ucranianos, que deixaram o país para fugir da guerra promovida pela Rússia. A agência da ONU para refugiados (Acnur) calcula que 10,5 milhões de pessoas saíram da Ucrânia entre o início do conflito, em 24 de fevereiro, e 15 de agosto.

Esse movimento já fez com que a demanda por açúcar dentro da União Europeia em 2021/22 fosse 5,6% maior do que na safra anterior (2020/21), totalizando 16,8 milhões de toneladas.

Os preços do açúcar no bloco alcançaram seu maior patamar desde a extinção do sistema de cotas de exportação, em 2017. Em meados deste ano, o valor do adoçante na UE chegou a US$ 550 a tonelada. O desconto em relação aos preços internacionais ficou em US$ 65 a tonelada.

Por Valor Econômico, via Cana Online

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