Biocombustível é opção para diminuir dependência do petróleo
A instabilidade nos preços de combustíveis de origem fóssil e o risco de escassez da matéria-prima, acentuado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, acelerou a busca por fontes de energia renovável. Além de diminuir a dependência do petróleo, o biocombustível é o futuro do transporte sustentável e fundamentais para que o Brasil cumpra as metas estabelecidas na COP 26.
Para que todos os veículos possam continuar rodando em um futuro próximo, mas de forma sustentável, o caminho do transporte passa pelos biocombustíveis, que são derivados de biomassa renovável. Ou seja: matéria-prima de origem ilimitada, com plantas cultivadas pelo homem. Com isso, é possível substituir, total ou parcialmente, os combustíveis derivados do petróleo e do gás natural.
O etanol, por exemplo, é um biocombustível produzido por fermentação de açúcares, com as produções mais comuns sendo oriundas do milho e da cana-de-açúcar. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol. Para incentivar o setor, em 2017, o governo federal lançou o programa Renovabio, que consiste em gerar crédito de carbono para empresas que promovam a descarbonização. Tal crédito pode ser negociado, inclusive, na B3, a bolsa de valores brasileira, pelo CBio.
"Até o mês passado, esse CBio chegou até R$ 200. Hoje, ele está R$ 97, mas com tendência de avançar para a casa das três dezenas [de reais]", afirma o gerente de meio ambiente da Usina São Luiz, Manoel Andrade, ao analisar o potencial do ativo que faz o biocombustível ter vez no mercado financeiro do Brasil.
Biocombustível e biodiesel
Além do biocombustível, há o biodiesel. Trata-se de produto que é composto do diesel, que vem do petróleo, e de óleos vegetais ou gordura animal. Atualmente, no Brasil, a mistura permitida é de 10% de fonte biológica no diesel.
"Estamos falando de um produto que é derivado de soja. O farelo permanece para exatamente suprir a alimentação animal. E o biocombustível [surge] para gerar energia, para suprir uma carência que temos do diesel [que é de origem] fóssil", comenta o presidente do conselho da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Francisco Turra.
Pré-sal caipira
Outro biocombustível que vem ganhando espaço no mercado é o biometano. Processado a partir do biogás, que é resultante da degradação de matéria org nica, o método consiste em capturar os gases que iriam para a atmosfera. Muitos desses gases vêm da agropecuária. Por isso, o apelido de "pré-sal caipira".
Diretor-executivo da Usina São Luiz, que baseada no interior paulista se prepara para implantar a produção de biometano a partir de 2023, Fernando Quagliato Filho demonstra empolgação com o projeto. "Na produção dele, a título de custos, vamos economizar R$ 4,00 por um quilômetro rodado", afirma o gestor. "Uma grande economia e melhoria na emissão de CO2".
Projeção de produção
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro lideram o ranking nacional, com capacidade industrial de duzentos mil metros cúbicos por dia. A projeção da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), é que, até 2030, o Brasil salte da atual produção de 400 mil para 30 milhões de metros cúbicos por dia.
"Parece ousada, mas é uma meta bastante possível, porque estamos falando em 25% do potencial total. Em 10 anos, é possível fazer muita coisa. A implantação dessas usinas leva entre um ano e meio e dois anos", diz a gerente-executiva da ABiogás, Tamar Roitman. Por fim, a entidade ressalta: acredita que o setor de biocombustível e biodiesel é fundamental para que o Brasil consiga atingir as metas assumidas na COP 26 em relação à redução de emissão do gás metano.
Por AGÊNCIA UDOP