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RECUPERAÇÃO DO RITMO DA SAFRA FICA MAIS DIFÍCIL

Na economia mundial e brasileira

• O mês de julho foi marcado por movimento de “deflação” na economia brasileira, dando alguns indicativos de melhoria da performance.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em -0,68%, frente aos 0,67% de junho, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das nove categorias distintas que compõem o indicador, duas delas tiveram variações negativas: transportes (-4,51%) graças à redução nos preços dos combustíveis (-14,15%); e habitação (-1,05%) em virtude da queda no preço da energia elétrica residencial (-5,78%). Nos alimentos e bebidas ainda houve incremento de 1,30%, motivado pelo preço do leite longa vida (+25,46%) e consequente aumento em seus derivados (queijo, manteiga, entre outros). Vamos acompanhar a performance dos próximos meses na expectativa que a curva mantenha tendência de baixa.
• No cenário econômico nacional, de acordo com o boletim Focus do Banco Central divulgado em 22 de agosto, o mercado projeta uma melhoria na inflação do país, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando 2022 em 6,82% e 2023 em 5,33%, e taxa Selic estável em 13,75% e 11%, respectivamente. Também há uma expectativa mais favorável para o crescimento econômico, sendo que o PIB deve crescer 2,02% este ano e 0,39% no seguinte; enquanto que o câmbio deve se sustentar nos R$ 5,20 ao final de cada período. Bons indicativos de recuperação econômica.

No agro mundial e brasileiro

• O índice de preços dos alimentos calculado pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) voltou a cair do mês de julho, pelo quarto mês consecutivo, aliviando o estresse acumulado no último semestre.
O indicador atingiu 140,9 pontos no mês, o que representa uma queda de 8,6% frente a junho (ou 13,3 pontos), mas em comparação ao mesmo mês de 2021 seu valor ainda é 13,1% maior (ou 16,4 pontos). Os maiores impactos vieram dos cereais, com queda de 11,5% no indicador, motivada pela redução nos preços do trigo graças ao acordo para desbloqueio dos portos no Mar Negro; e dos óleos vegetais que caíram de 19,2% em seu índice devido às reduções nos preços com maior expectativa de oferta de matéria-prima.
• Nas estimativas de agosto da Companha Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos no ciclo 2021/22 foi revista para 271,5 milhões de t, pouco inferior a estimativa de julho/22, mas ainda 6,2% maior do que no ciclo passado. Na soja, conforme já era esperado graças ao período de entressafra, os números foram mantidos no mesmo patamar no mês passado: 124,0 milhões de t, 10,2% menor do que 2020/21. O milho, por sua vez, teve a oferta total revista para 114,7 milhões de t, 1 milhão de t a menos em 1 mês, mas ainda 31,7% maior do que 2020/21. A 2ª safra, ainda em andamento, deve produzir 87,4 milhões de t (+43,9%). No algodão, serão 2,74 milhões de t da pluma, um pouco abaixo do estimado em julho, mas ainda 16,0% superior ao do ciclo passado. Um último destaque para as culturas de inverno, que deverão ofertar 11,0 milhões de t (+ 18,0%); destaque para o trigo com 9,1 milhões de t (~83% de toda a produção da categoria).
• Em relação ao progresso das operações no campo, a Conab indica que até o último dia 15 de agosto, 86,4% das áreas de milho safrinha (2ª safra) já haviam sido colhidas no país, contra 68,5% no mesmo período do ano passado; Mato Grosso, Maranhão e Tocantins já encerraram as atividades, enquanto que o estado de Goiás caminha para a conclusão, com 92% de progresso. No algodão, as operações ganharam tração neste último mês e a colheita saltou para 80,3%, contra 66,7% na mesma data de 2020/21, um grande avanço!

Demais culturas (como as de inverno e trigo) aguardam para início da colheita.

• Em âmbito global, o relatório mensal da produção de grãos em 2022/23, divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reviu a produção de milho este mês para 1.179 milhões de t, 6,3 milhões de t a menos do que a projeção anterior; e 3,2% menor do que 2020/21. Nos últimos meses temos observado uma queda nos números do milho, especialmente por conta da piora nas condições das lavouras nos EUA e a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. Entre os principais players, a grande alteração foi feita nos Estados Unidos, que agora devem produzir 364,7 milhões de t, 5% a menos do que na safra 2021/22. Os números para o Brasil foram mantidos em 126,0 milhões de t, uma vez que a safra por aqui ainda não foi iniciada. Como consequência da menor oferta, os estoques caíram de 313,0 (julho) para 306,7 milhões de t (agora em agosto), e devem fechar a safra 1,5% menores  do que no último ciclo. Uma notícia ruim para o setor, mas ainda confiamos em uma boa oferta.
• Na soja, por sua vez, o USDA indicou uma melhora na oferta do grão, elevando a projeção para 391,4 milhões de t, 11,4% a mais do que em 2021/22. O principal fator que motivou a melhora para a oleaginosa foi o clima favorável nos EUA, o que tem contribuído para melhor oferta. Deve ficar em 123,3 milhões de t (+ 2,2%); era de 122,0 em julho. Para o Brasil, ao passo em que a safra não se inicia, os números foram mantidos em 149 milhões de t (+18,3%). Resultado da oferta maior, os estoques saltaram para 101,4 milhões de t, 13,0% maiores do que 2021/22.
• Até o dia 14 de agosto, as condições dos campos de milho estavam em 12% “excelentes” (15% há um ano) e 45% em “boas” (47% há um ano), indicando uma leve inferioridade neste ciclo. Na soja, os indicadores de lavouras “excelentes” e “boas” estavam em 10% e 48%, respectivamente, contra 12% e 45% no ano passado; melhorou na comparação com relatórios anteriores. Por fim, no algodão, a condição continua crítica: apenas 5% das lavouras estão em condições “excelentes” (era 17% há um ano); e 29% em condições “boas” (era de 50% em 2021/22). Estes números refletem bastante a alta nos preços da pluma, observada nos últimos dias, o que tem favorecido o cotonicultor brasileiro em plena colheita da cultura.
• Em julho, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram novo valor recorde, somando US$ 14,28 bilhões, 26,8% a mais do que no mesmo período de 2021, segundo dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex). O grande driver desse aumento continua sendo os preços, que estão em média 24,8% maiores que em 2021, mas os volumes também registraram ligeiro aumento de 1,6%. O complexo soja sustenta a liderança na pauta exportadora com vendas de US$ 6,03 bilhões (+21,0%), mesmo com uma queda nos volumes de 9,4% advinda principalmente da redução de embarques do grão. Na sequência, as carnes somaram valor recorde para o mês de US$ 2,37 bilhões (+16,9%), dos quais a bovina vendeu US$ 1,21bilhão (+20,0%), a de frango US$ 875,15 milhões (+21,3%) e a suína, US$ 220,34 milhões (-9,6%). Na terceira posição aparecem os produtos florestais, comercializando US$ 1,40 bilhão (+8,4%) também alcançando recorde para julho. Os cereais, farinhas e preparações ficaram com a quarta colocação, somando US$ 1,28 bilhão (+174,7%) com grande destaque para o milho, responsável por quase 90% desse montante e crescimento de 189,7% em valor e 106,9% em volume. Para fechar a lista, o complexo sucroenergético obteve receitas de US$ 1,28bilhão (+36,7%).
• Por sua vez, as importações do setor no mês de julho cresceram 19,3%, chegando a US$ 1,48 bilhão. Mesmo com tal incremento, o agronegócio conseguiu aumentar seu superávit na balança comercial, de US$ 10 bilhões para 12,8 bilhões no comparativo dos meses de 2021 e 2022.
• No acumulado de 2022, entre janeiro e julho, o agro brasileiro registra saldo de US$ 83,90 bilhões, 31,5% maior do que no mesmo período do ano passado; são simplesmente US$ 20 bilhões a mais em um ano!
• E com o avanço das colheitas do milho no Brasil, as exportações do setor deram um grande salto em julho, com 4,12 milhões de t do cereal exportadas (+ 107%); em julho passado, os embarques somaram 1,99 milhão de t. As receitas também deram um grande avanço, passando de US$ 398,7 milhões no mesmo mês de 2021 para US$ 1,15 bilhão no último mês, alta de 189,4%. A forte demanda global pelo grão, as limitações no fornecimento do milho pela Ucrânia, a oferta brasileira maior este ciclo e as recentes tensões entre China e EUA, são alguns dos fatores que motivaram este
comportamento.
• O Valor Bruto da Produção (VBP) da Agropecuária foi revisado para baixo na atualização de agosto frente à estimativa de julho. No mês anterior, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) esperava um montante de R$ 1,241 trilhão para a atividade, mas agora o indicador  foi avaliado em R$ 1,220 trilhão. Mesmo com o ajuste, o montante é 0,3% superior ao obtido no ano anterior. Com isso, a agricultura deve somar R$ 853,25 bilhões (+3,0%), enquanto que a receita da pecuária deve alcançar R$ 367,10 bilhões. Os produtos com maior impacto negativo para este ano são a soja e a pecuária que, somados, resultam em decréscimo de R$ 64 bilhões.
• Outra notícia importante para o agronegócio brasileiro foi de que, em meio às tensões recentes com os Estados Unidos (questão Taiwan), a China voltou atrás e anunciou que irá permitir as importações de milho brasileiro já em 2022, sem que sejam exigidos protocolos sanitários este ano. As medidas, que incluem o report de informações como defensivos químicos utilizados, manejo de doenças e outros, serão exigidas pelo país asiático apenas a partir de 2023. Apesar da abertura, a China deixou claro de que quaisquer cargas recebidas com indícios de doenças e/ou contaminações, poderão ser rejeitadas.
• Além do milho, a China também anunciou que deve autorizar a importação de farelo de soja do Brasil; até então, o país asiático importava apenas a soja em grão. A expectativa é de que, assim como o milho, os embarques do produto oriundo da soja se iniciem ainda em 2022.
• Nas frutas, segundo dados da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o volume embarcado no 1° semestre caiu 11,0% em relação ao mesmo período do ano passado: foram 460 milhões de t. Com a mesma taxa de queda (11,0%), as receitas nos 6 primeiros meses do ano somaram US$ 397,5 milhões. Entre os produtos, a manga que havia sido líder nos embarques em 2021, ficou na 2ª colocação, após os volumes caírem 17% para 66,4 mil t. Assumiu a liderança a categoria de “limas e limões”, com 90 mil t comercializadas com o exterior, 14% a mais do que no último ano.
• A área agropecuária irrigada no Brasil deve superar 12,4 milhões de hectares até 2040, um crescimento de 51% quando comparado com a área atual, que está em torno de 8 milhões de hectares; serão 4,2 milhões de ha a mais. Os dados fazem parte do relatório “Atlas da Irrigação”, divulgado  pela ANA (Agencia Nacional de Águas e Saneamento Básico).
• E por falar em irrigação, a Netafim lançou novos produtos e inovações durante a Feira Internacional da Irrigação Brasil 2022 (FiiB), uma das principais feiras do setor em nível global e que aconteceu entre 16 a 18 de agosto na cidade de Campinas, São Paulo. No evento, um dos principais destaques foram os sistemas de gotejamento como ferramenta para melhorar a gestão de recursos hídricos, potencializar a produtividade e otimizar o uso de mão de obra e o consumo de eletricidade nas operações de irrigação.
• E a Agrivalle, indústria de soluções para sistemas regenerativos, lançou o seu novo proposito, focado em “inspirar a conexão e promover a transição para sistemas regenerativos”. O objetivo da empresa é o de atuar como propulsores de uma nova agricultura, com soluções customizadas, regenerativas e em escala, e que seja protagonista da sustentabilidade nas cadeias e no planeta, impactando não apenas o setor agro, mas também toda a sociedade. Com novo  logotipo e novas cores (destaque para o laranja), a Agrivalle aproveitou para realizar o lançamento do novo propósito durante o Congresso Andav 2022, que aconteceu em São Paulo – SP, este que é o maior evento da distribuição de insumos agropecuários em nível nacional, organizado pela Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav).
• E fechando a nossa análise mensal do agro, a seguir, apresentamos os preços de produtos do setor na data de fechamento da coluna. A soja com entrega em setembro/22 em cooperativa de SP fechou em R$ 188,80/sc; para fevereiro/23 em R$ 161,80/sc; e para março/23 em R$ 161,10/sc. No milho, a entrega prevista para agosto/22 teve preços registrados em R$ 76,30/sc; e nos futuros para janeiro e março de 2023 em R$ 91,65/sc e R$ 93,45/sc, respectivamente. No algodão (Indicador Cepea/Esalq), a arroba fechou em R$ 215,32; e no boi gordo (também pelo Cepea/Esalq), a cotação ficou em R$ 318,35/@.
• Com exceção do algodão, os demais produtos vêm registrado queda nas cotações, especialmente por conta da melhora nas perspectivas de oferta em grandes players como EUA e Brasil. Para este próximo ciclo (2022/23), a nossa recomendação para você que é agricultor é de já fixar parte da produção a preços que possibilitem o pagamento de seus custos, uma vez que a tendência é que sigam em queda!.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em julho são:

1. Estimativas da produção brasileira de grãos em 2022/23 (Conab) que saem agora no meio de agosto; e a expectativa e/ou decisões dos produtores brasileiros em relação ao plantio (opção de cultivos, áreas por cultura e outros indicadores).

2. Começar a avaliar as previsões do clima nos próximos meses, a fim de planejar o melhor momento para semeadura das culturas (especialmente pensando em sistema de sucessão soja x milho safrinha). Acertar o timing de plantio (adiantando, se possível) é essencial para garantir bons números!

3. Seguir de olho no clima nos EUA e nas condições das lavouras. Os campos têm apresentado melhora e, a partir de agora, os riscos são menores. Algumas operações de colheita devem se iniciar no final do próximo mês, vamos observar como será o progresso.

4. Situação geopolítica global: neste último mês, além dos problemas entre Rússia x Ucrânia, agora também temos as tensões de EUA x China (Taiwan), a crise energética na Europa e outros. Tudo isso está afetando diretamente o câmbio, o que pode impactar nos custos (compra) mas também nos preços das commodities (vendas). Vamos ficar de olho!

5. Cenário político-econômico no Brasil (este para próximos meses): com o início do período de campanha eleitoral, é essencial acompanhar as tendências e movimentos para antecipar possíveis impactos na economia e no setor (agro).

Reflexões dos fatos e números da cana em maio/junho e o que acompanhar em julho

Na cana

• Em relação ao progresso da moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, desde o início da safra 2022/23, em 1° de abril, até o final do mês de julho, 282,8 milhões de t de cana foram processadas, 7,4% a menos do que no mesmo período do ciclo passado (eram 305,5 milhões de t); resultado do atraso no início das operações industriais neste ciclo.
• Em relação ao rendimento industrial, o mix está em 44,4% para o açúcar e 55,6% para o etanol (há um ano era de 46,1% para açúcar e 53,9% para o etanol). A qualidade da matéria-prima também segue abaixo do último ciclo, com 133,56 kg de ATR/t de cana, 2,4% menor.
• Está cada vez mais se tornando consenso no setor de que não será possível recuperar o ritmo industrial nos níveis da safra passada. Como resultado, a tendência é que os volumes produzidos de açúcar e etanol fiquem abaixo do esperado, deixando estoques ainda mais apertados, o que impacta nas negociações e preços.
• No mercado de CBios, até o dia 8 de agosto, já haviam sido negociados 24,96 milhões de créditos de descarbonização na bolsa brasileira (B3), 69% da meta obrigatória estabelecida para o ano de 2022.
• Com a prorrogação nos prazos para cumprimento das metas de aquisição dos créditos de descarbonização (CBios) por parte das distribuidoras, os preços dos títulos caíram pela metade na segunda quinzena de agosto, de R$ 200,00 para R$ 93,00, segundo informado pelo Itaú BBA.
A medida está relacionada à tentativa de reduzir os preços dos combustíveis ao consumidor final, uma vez que as distribuidoras repassam o custo dos CBios na composição dos preços. Com isso, os créditos de descarbonização devem sustentar preços mais confortáveis neste e no próximo ano, com a previsão de balanço positivo entre oferta e demanda.
• Outro ponto de destaque apontado pela Archer Consulting é a questão de revisão nos orçamentos das empresas do setor, que tinham preços médios de venda do etanol estimados em R$ 4,00 por litro e agora terão de reduzir para R$ 3,00 por litro (- 25% de receitas) com os impactos da redução no preço da gasolina; política do governo. Para o 1° trimestre de 2023, a B3 negocia o etanol em R$ 2,860 por litro.
• A BP Bunge, em parceria com a fintechMonkey, está lançando uma plataforma de antecipação de recebíveis aos fornecedores de serviços e materiais de suas 11 usinas de cana-de-açúcar. O sistema usa o conceito de leilão reverso e permitirá aos fornecedores solicitar antecipação do pagamento de notas dos bens ou serviços comercializados junto às instituições financeiras participantes. Processo ganha transparência e eficiência!

No açúcar

• Consequência do menor processamento da matéria-prima, a produção de açúcar também segue inferior a safra passada, em 13,0%, com 15,97 milhões de t do adoçante até o momento, contra 18,37 no mesmo período de 2021/22. Na segunda quinzena de julho, por outro lado, a produção do adoçante cresceu 8,4%: foram 3,3 milhões de t. Para cada t de cana estão sendo produzidos 56,49 kg de açúcar (-6,1%).
• Os preços futuros do adoçante na bolsa de Nova York com vencimento para out/22 vêm em tendência de queda desde o pico alcançado em 18 de julho. De lá para cá, o preço equivalente caiu de R$ 2.400 por t para R$ 2.150, uma queda de aproximadamente 10%, e a expectativa não é tão favorável para as próximas semanas. O mercado atribui parte desse declínio à mudança na tributação dos combustíveis para redução dos preços finais ao consumidor, causando um desbalanço no setor sucroenergético brasileiro. Continuamos a acompanhar de perto como o imbróglio dos combustíveis pode gerar impactos no mercado de açúcar.
• Em julho, as exportações de açúcar somaram2,87 milhões de t, o que representa um crescimento de 16,3% frente ao mesmo período de 2021. No montante financeiro, o adoçante somou receita de US$ 1,13 bilhão, um incrível incremento de 37,5%.

No etanol

• No etanol, a produção cresceu nos últimos 15 dias de julho, com oferta de 2,41 bilhões de litros, 2,8% a mais. No acumulado da safra, estamos com produção total de 13,65 bilhões de litros contra 14,24 bilhões de litros do período anterior (- 4,2%). Desse total, 5,17 bilhões de litros correspondem ao anidro e 8,48 ao hidratado, retração de 2,2% e 5,3%, respectivamente. Ainda sobre o rendimento industrial, a produtividade segue em 43,6 litros do biocombustível para cada t de cana-de-açúcar, 0,7% acima.
• No etanol de milho, os números seguem impressionando, demonstrando o rápido crescimento do setor. A produção de biocombustível foi de 191,51 milhões de litros na última quinzena de julho, 13% maior do que no igual período de 2021/22. No acumulado, já ofertamos 1,33 bilhão de litros, 29,6% a mais.
• Em julho, as usinas do Centro-Sul venderam 2,48 bilhões de litros de etanol, 6,6% a menos que 2021/22. Foram 1,39 bilhão de litros do hidratado (-7,6%) e 937,1 milhões de litros do anidro (- 3,2%). No total, 9,5 bilhões de litros do etanol já foram comercializados, sendo 5,7 bilhões de litros do hidratado (- 9,0%), 96% para o mercado interno; e 3,78 bilhões de litros do anidro (+ 7,3%), sendo 88,6% vendidos nacionalmente.
• Os embarques de etanol para o mês de julho também registraram incremento de 27,3% frente ao mesmo mês de 2021, totalizando montante financeiro de US$ 144,16 milhões.
• E fechando a análise do etanol, os preços do Indicador Semanal do Hidratado em São Paulo (Cepea/Esalq) em mais um mês indicam a tendência de queda: em abril, os preços fecharam o mês com média de R$ 3,627/l; em julho, fechamos com R$ 2,934/l, quase 20% menor; e em agosto, até o dia 18, a média já estava em R$ 2,834/l. Na data de conclusão da nossa coluna, o preço do litro do hidratado ficou cotado em R$ 2,590. Vamos ver se estas baixas refletem no consumo interno neste próximo mês!

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em julho na cadeia da cana:

1. Seguir acompanhando a evolução no processamento da cana-de-açúcar na região Centro-Sul. Conforme observamos, ao longo do nosso texto, é bem provável que o ritmo não seja recuperado aos níveis da safra passada, o que já tem impactado nos preços. Vamos seguir acompanhando, mas acreditamos que o ritmo deve seguir com leve melhora nos próximos meses.

2. Consumo interno de combustíveis, especialmente do etanol. Mesmo com a baixa de preços observada (o que é negativo para as usinas), as vendas do biocombustível seguem abaixo de 2021, quando ainda sentíamos os impactos da pandemia no consumo. Com a redução nos preços da gasolina, é essencial acompanhar agora o comportamento do consumidor, extraindo possíveis impactos.

3. Ocorrências a nível global (tensões e conf litos) interferindo nos preços de energia, especialmente do petróleo. Os preços do barril WTI Crude (Contrato de Setembro) fecharam em torno de US$ 90,60 no fechamento da nossa coluna. No início do mês chegou a US$ 94/barril, mas também caiu a U$S 86,50/barril em 16/08. A tendência mais recente é de queda, mas as oscilações tem sido frequentes.

4. No mercado de açúcar, ficar de olho nos preços do adoçante. Na segunda quinzena de julho, foram registradas diversas quedas: em 18/07 estava em R$ 2.400/t e foi a R$ 2.150 no início de agosto (preços convertidos em reais com base nas negociações na Bolsa de Nova York).

5. E concluindo, vamos seguir de olho no contexto político-econômico no Brasil, especialmente agora com a proximidade das eleições; e as políticas que podem interferir no setor sucroenergético, como as decisões em relação aos CBios, a redução nos preços de combustíveis, em impostos e outros. Olhar também para a questão do câmbio, que voltou a crescer nos últimos dias e, como sabemos, também interferem nas negociações do setor (especialmente na fixação em contratos futuros).

Valor do ATR – Em abril, no início do ciclo 2022/23, o preço mensal do ATR (Açúcar Total Recuperável) estava em R$ 1,2453/kg. Um mês depois, em maio, caiu para R$ 1,2212/kg. Em junho, com o avanço na oferta/moagem de cana (e como já era esperado por conta do aumento nas operações), nova queda para R$ 1,1860/kg. Já no mês passado, ao contrário da tendência anterior, os preços subiram para R$ 1,2037/kg, comportamento que reflete o progresso inferior na produção industrial do setor em comparação com o ciclo passado. No acumulado de 2022/23 até aqui, estamos com preços em R$ 1,2164.

 

Por   Marcos FAva Neves, Vítor Nardini Marques e Vinícius Cambaúva, via Revista Canavieiros 

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