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MÉTODOS DE ADUBAÇÃO NAS ÁREAS DE RENOVAÇÃO DE CANA NA SAFRA 2022/23

Pelo sexto ano consecutivo, o Centro de Cana IAC, vinculado ao Instituto Agronômico e pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou a pesquisa que detalha as principais práticas que estão sendo utilizadas nas áreas de renovação de canaviais. Esse trabalho foi realizado nos principais estados produtores do Brasil com o objetivo de mapear a proporção das empresas que estão adotando as técnicas mais modernas e, com isso, obtendo melhores resultados tanto em relação ao aumento na produtividade como na economia de custos.

Nesse ano, o levantamento atingiu 172 produtores, totalizando uma área de aproximadamente 864 mil hectares (recorde para esse levantamento) a serem plantados, distribuídos pelos seguintes Estados: Alagoas (5), Bahia (3), Espírito Santo (1), Goiás (18), Maranhão (1), Mato Grosso (2), Mato Grosso do Sul (11), Minas Gerais (24), Paraíba (1), Paraná (17), Pernambuco (6), São Paulo (82) e Tocantins (1). 

Um dos principais temas estudados nessa pesquisa se referiu ao uso da adubação foliar nas áreas de plantio. Inquiridas se usarão nutrição foliar nas áreas de renovação em 2022, 88,4% das empresas disseram que sim (Figura 1). Isso mostra o significativo avanço que essa técnica, já consagrada em diversas outras culturas, está alcançando nos últimos anos na canavicultura, chegando perto da unanimidade entre os produtores brasileiros.

Lançando um olhar mais crítico sobre os dados levantados, percebe-se que esse avanço ocorre de maneira uniforme em todas as regiões estudadas, pois em todas elas mais de 75% das empresas disseram que utilizarão adubação foliar em 2022 (Figura 2), sendo que no estado do Paraná e na região de Assis essa tecnologia será adotada de maneira plena em todas as usinas contactadas nesta pesquisa.

aumento do uso da adubação foliar nos últimos anos está em consonância com duas vertentes principais. A primeira observa que fornecer apenas os macronutrientes principais (NPK), repondo a extração dos nutrientes pela cana-de-açúcar, como se fazia no passado, não garante o esperado aumento de produtividade e a expressão do potencial biológico das novas variedades. Assim, a adição de micronutrientes principalmente B, Zn, Mn e Cu conforme a necessidade indicada pelas análises de solo, passou a ser prática comum.

A indústria de fertilizantes também apresenta em seu portifólio diversas formulações de adubos foliares para atender demandas. Os micronutrientes podem ser aplicados no sulco de plantio, ou na linha das soqueiras, e podem também ser aplicados via foliar, principalmente complementando as doses aplicadas no sulco. A adubação nitrogenada complementar via foliar acrescida de Mo, também é uma prática com boa adoção pelas usinas, utilizada no início do verão, quando a cana está em crescimento exponencial. O Mo é um micronutriente essencial exigido em pequena quantidade e potencializa o aproveitamento do N aplicado via foliar.

A outra vertente diz respeito a adubação foliar em pré-maturação, e segue os resultados obtidos pelo prof. Carlos Crusciol na UNESP – Botucatu, que demonstrou que aplicações foliares N, B, Cu, Mo e Zn, no período de 120 dias até 60 dias antes da colheita levaram a incrementos de 5 a 20 kg ATR/ha. Assim, 55,2% da área de reforma fazem uso de adubação foliar fornecendo um ou mais macronutrientes acrescidos de micronutrientes, enquanto 28,2% da área de reforma utilizarão apenas micronutrientes em aplicações foliares (Figura 3).

A pesquisa também abordou a adoção do sistema de MEIOSI (Método Intercalar Ocorrendo Simultaneamente) pelas usinas. Os resultados mostraram que MEIOSI atingiu uma importante participação entre os produtores. No ano de 2022, 63% das empresas pesquisadas disseram que utilizarão essa técnica em seus canaviais. 20% das áreas de renovação terão suas mudas oriundas desse sistema de produção.

Outra tecnologia similar e que também está gerando praticidade e economia é o uso da CANTOSI. Em 2022, 41% dos produtores pretendem se utilizar esse método, ocupando 8,5% das áreas de renovação do Brasil. Vale destacar que a soma das áreas de plantio com o uso de MEIOSI e CANTOSI vão representar 28,5% do total das áreas de renovação.

O sistema de MEIOSI exige que os implementos para a marcação das “linhas mãe” apresentem sistema de GPS, fator que limita em algumas situações, e o sistema de CANTOSI passa a ser, nessas condições, uma técnica mais apropriada para a renovação de canaviais com produção de mudas no local.

Com relação à MEIOSI as técnicas de adubação são descritas na Figura 4. As “linhas mãe” do sistema de MEIOSI necessitam de cuidados especiais em relação a adubação e irrigação permitindo que sejam produzidas mudas suficientes para preencher as novas linhas que irão compor o talhão, no prazo estimado, em geral cerca de 8 meses. Recomenda-se o uso de torta de filtro ou outra fonte orgânica, a exemplo de cama de frango, o fornecimento de macro e micronutrientes, além dos corretivos aplicados durante o preparo do solo.

Verifica-se pela pesquisa que 53,6% da área de reforma, esses fertilizantes e inclusive já adotam outros insumos especiais, como enraizadores. É interessante notar que a maioria das usinas envolvidas nesta pesquisa tem a percepção da importância da inclusão de uma fonte orgânica nas linhas mãe do sistema de MEIOSI, assim, verifica-se que 63,7% da área de reforma utilizarão alguma fonte orgânica (torta de filtro, cama de frango ou composto de ambas) e NPK+micronutrientes.

A pesquisa também indica a forte adoção de micronutrientes para as áreas de MEIOSI. Pouco mais de 90% da área de reforma incluirão micronutrientes na adubação das áreas de MEIOSI.

Com relação à CANTOSI as técnicas de adubação são descritas na Figura 5. Verifica-se que neste sistema é menor a preocupação na adoção de adubação contendo uma fonte orgânica acrescida de macro e micronutrientes e produtos enraizadores. 32,5% da área de reforma utilizarão esses insumos nas linhas de CANTOSI.

De qualquer forma, 42,3% utilizarão uma fonte orgânica acrescida de macro e micronutrientes, fato que também indica o reconhecimento da importância do uso da fonte orgânica para a maior produção de mudas. 85,6% da área pesquisada percebem ao menos a importância de incluir os micronutrientes nas áreas de CANTOSI.

A equipe do Programa Cana IAC agradece a confiança depositada pelos produtores que responderam os questionários enviados. Essa grande adesão permitiu a geração de importantes análises estratégicas para o setor canavieiro.

Rubens L. do C. Braga Jr., Raffaella Rossetto e Marcos G. A. Landell são pesquisadores do Centro de Cana IAC, vinculado ao Instituto Agronômico e pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

rubenscensoiac@fundag.br

 

FONTE: RPA News

 

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