PREÇO DOS CBIOS ATINGE RECORDE NA SEGUNDA QUINZENA DE MAIO, A R$ 104,50
Os créditos de descarbonização (CBios), criados pelo programa RenovaBio, estão registrando preços cada vez mais elevados. Na primeira metade de maio, por exemplo, os papéis foram vendidos entre R$ 91 e R$ 104,50, resultando em um preço médio de R$ 100,80 por título.
O valor mais alto registrado é recorde desde o início do programa, em 2020.
Os dados fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.
Conforme a B3, o valor médio da quinzena está 93,4% acima da média histórica do programa, de R$ 52,12. Além disso, ele é 155,21% superior ao preço médio de 2021, de R$ 39,31, e 11,45% maior ante o acumulado de 2022, de R$ 90,45. Na comparação quinzenal, o acréscimo é de 1,3%, reforçando uma tendência de alta.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15,00 e R$ 104,50. Este ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 104,50.
Além disso, no período, 2,7 milhão de créditos foram negociados, alta de 66,1% em comparação com os 1,63 milhão da quinzena anterior e de 35,5% em relação aos 1,99 milhão de CBios negociados no mesmo período do ano passado.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Assim, os preços elevados dos CBios ocorrem mesmo com um aumento nas vendas dos créditos.
Retomada nas emissões?
Apesar da retomada da moagem de cana-de-açúcar e, consequentemente, da produção de etanol, menos títulos foram gerados. Na primeira quinzena de maio, as emissões de CBios totalizaram 1,04 milhão, alta anual 21,06%, mas queda de 37,34% em relação à quinzena anterior.
Com isso, a quantidade de títulos gerados em 2022 chegou a 10,29 milhões, 5,34% abaixo dos 10,86 milhões de créditos vistos há um ano.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 312 unidades participam do RenovaBio; destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 277 usinas de etanol certificadas, 266 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Posse dos créditos
Além do número de CBios gerados em 2022, o setor ainda conta com os créditos excedentes do ano anterior. Assim, ao final da quinzena, 17,9 milhões de títulos estavam em circulação.
Destes, 79,1% estavam em posso das distribuidoras com metas a cumprir, totalizando 14,1 milhões. Já as usinas certificadas no programa detinham 3,63 milhões de CBios, o equivalente a 20,3% do total. Os 118,65 mil créditos restantes (0,7%) estavam com investidores sem metas.
Conforme reportagem do Valor Econômico, os CBios já têm peso relevante na remuneração que o etanol está oferecendo às usinas em comparação com os ganhos relacionado à venda do açúcar. Segundo dados da StoneX consultados pelo Valor, o CBio representa cerca de 40% da vantagem que o etanol oferece sobre o açúcar para usinas da região de Ribeirão Preto (SP).
Ao mesmo tempo, conforme nota da Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom) enviada à Reuters em março, o impacto para os consumidores seria de até R$ 0,10 por litro.
Aposentadoria e cumprimento da meta
Para completar, 2,83 milhões de créditos já foram aposentados ao longo de 2022 – destes, 188,6 mil deixaram de circular na primeira quinzena de maio. Este total equivale a 7,8% da meta oficial do RenovaBio para este ano, de 35,98 milhões
Considerando tanto os papéis em circulação quanto os aposentados neste ano, por sua vez, o número de títulos disponibilizados ao mercado soma 20,73 milhões. Neste caso, o valor é suficiente para o cumprimento de 57,6% da meta.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
por: Gabrielle Rumor Koster – NovaCana