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USINAS CERTIFICADAS NO RENOVABIO EMITEM 1,67 MILHÃO DE CBIOS NA 2ª QUINZENA DE ABRIL

O mercado de créditos de descarbonização (CBios) criado pelo programa RenovaBio continua registrando preços em patamares elevados. Na segunda metade de abril, os papéis foram vendidos entre R$ 96,40 e R$ 101, resultando em um preço médio de R$ 99,52 por título.

Entretanto, no período, 1,63 milhão de créditos foram negociados, queda de 50,3% em comparação com os 3,28 milhões da quinzena anterior e de 11,9% em relação aos 1,85 milhão de CBios negociados no mesmo período do ano passado.

Os dados fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica.

Conforme a B3, o valor médio da quinzena está 96% acima da média histórica do programa, de R$ 50,78. Além disso, ele é 153,2% superior ao preço médio de 2021, de R$ 39,31, e 11,7% maior ante o acumulado de 2022, de R$ 89,07. Na comparação quinzenal, o acréscimo é de 1%, caracterizando uma tendência de alta.

Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15,00 e R$ 101,50. Este ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 101,50.

De acordo com distribuidoras ouvidas pela Reuters em março, o valor dos CBios deve ser repassado aos preços nos postos, incidindo especialmente sobre o diesel e a gasolina. “Os CBios têm impacto no preço. As companhias trabalhavam antes com valor perto de R$ 40, e hoje está R$ 100”, disse o representante de uma distribuidora, na condição de anonimato.

Segundo a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom), em nota enviada à Reuters, o impacto para os consumidores seria de até R$ 0,10 por litro.

Retomada nas emissões

Em meio aos preços elevados e às vendas desaquecidas, o mercado de CBios também está percebendo os efeitos da retomada na safra de cana-de-açúcar e da maior procura por etanol nas usinas do Centro-Sul. Na segunda quinzena de abril, as emissões de CBios totalizaram 1,67 milhão, alta de 14,3% na comparação anual e de 124% em relação à quinzena anterior.

Com isso, a quantidade de títulos gerados em 2022 chegou a 9,24 milhões, 7,6% aquém dos 10 milhões vistos há um ano.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022, as usinas certificadas no RenovaBio cadastraram notas fiscais suficientes para a geração de 9,28 milhões de CBios. A expectativa é que 42,46 mil créditos excedentes cheguem ao mercado nos próximos dias.

Desde o estabelecimento do RenovaBio até o momento, mais de 58,72 milhões de créditos entraram no programa.

Atualmente, segundo a ANP, 310 unidades participam do RenovaBio; destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 275 usinas de etanol certificadas, 264 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.

Posse e aposentadoria

Além do número de CBios gerados em 2022, o setor ainda conta com os créditos excedentes do ano anterior. Assim, ao final da quinzena, 17,04 milhões de títulos estavam em circulação.

Destes, 75,7% estavam em posso das distribuidoras com metas a cumprir, totalizando 12,9 milhões. Já as usinas certificadas no programa detinham 4,03 milhões de CBios, o equivalente a 23,6% do total. Os 114,94 mil créditos restantes (0,7%) estavam com investidores sem metas.

Para completar, 2,64 milhões de créditos já foram aposentados ao longo de 2022 – destes, 133,55 mil deixaram de circular na segunda quinzena de abril. Este total equivale a 7,4% da meta oficial do RenovaBio para este ano, de 35,98 milhões.

Considerando tanto os papéis em circulação quanto os aposentados neste ano, por sua vez, o número de títulos disponibilizados ao mercado soma 19,69 milhões. Neste caso, o valor é suficiente para o cumprimento de 54,7% da meta.

Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.

Renata Bossle – NovaCana

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