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COMO PENSA O INDICADO À PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS?

O químico José Mauro Ferreira Coelho, indicado pela União para ocupar a presidência da Petrobras, defendeu publicamente, nos últimos anos, que a política de preços de combustíveis da companhia siga a paridade com o mercado internacional. Ele também é a favor da abertura do mercado de refino no país, com a venda de ativos da estatal, da atração de investimentos privados para a área de gás natural e da exploração e produção não-convencional de óleo e gás.

O executivo fez carreira na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e atuou, de abril de 2020 a outubro de 2021, como secretário de petróleo, gás Natural e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). Desde então, ele era presidente do conselho de administração da Petróleo Brasileiro SA (PPSA). Procurado ontem pelo Valor, Coelho disse que vai falar apenas depois da conclusão do processo para se tornar presidente da Petrobras. “Essa é a primeira etapa, a indicação. Temos ainda um caminho até a efetivação do cargo”, afirmou. Nos meses em que esteve no MME, Coelho participou de debates públicos, principalmente online, dada a pandemia. Veja a seguir as opiniões dele sobre temas relevantes para o setor de energia no país:

Preços de combustíveis:
Coelho defende que a Petrobras mantenha preços de combustíveis alinhados ao mercado internacional para permitir que outros agentes importem produtos, o que evita desabastecimento no mercado nacional: “A prática do preço de paridade é fundamental”, disse em entrevista à TV Brasil, em agosto do ano passado. Em outro evento,organizado pelo site Epbr, ele mencionou que o câmbio é um fator que afeta a alta dos preços no país: “Combustíveis são commodities e, portanto, precificadas no mercado internacional, em dólar”, afirmou. Na ocasião, em abril de 2021, o executivo disse que os preços do diesel e da gasolina no Brasil estavam abaixo da média mundial.

“Somos importadores dos principais derivados e, claro, praticar preços de paridade é fundamental. É importante, de modo que outros agentes importadores que não a Petrobras e, mesmo a Petrobras, possam importar derivados e praticar, aqui, um preço que esteja de acordo com mercado internacional, de forma que possa ter uma margem de lucro, o que é natural. Os preços de paridade vêm sendo seguidos. Às vezes tem alguma defasagem pontual de alguns dias, mas isso é corrigido”, afirmou.

Ele reconhece, no entanto, que a volatilidade dos preços impacta os consumidores e defende que o governo busque medidas para reduzir esses efeitos. Coelho é a favor da criação de um fundo para amortizar as variações de preços. “Existem fundos que recebem aportes, normalmente provenientes de recursos públicos, utilizados para minimizar aumentos de preços. (...) Mas esse fundo também tem que ser usado com parcimônia, no momento correto”, disse.

Ele também já defendeu a criação de um imposto chamado “Cide combustíveis”, que subiria em momentos de baixa nos preços no mercado e seria reduzido em momentos de alta. “Entendo que poderíamos ter esses dois mecanismos coexistindo”, completou.

Refino
Coelho é a favor de investimentos privados em refino e defendeu, em público, a venda de refinarias da Petrobras para manter a garantia do abastecimento. Para o executivo, os desinvestimentos da estatal nessa área levarão à redução de preços: “Com as medidas que estão em curso, haverá pluralidade de agentes, o abastecimento do país estará garantido e teremos maior concorrência no mercado de combustíveis, que, certamente, levará a preços menores para o consumidor”, afirmou em evento online da EPE em outubro de 2020.

O executivo também se posicionou a favor da instalação de refinarias de pequeno porte espalhadas pelo país. “Precisamos criar as condições para atrair investimentos para o setor de abastecimento de combustíveis, entre eles, o de refino, com destaque não só para refinarias de grande porte, mas também para aquelas de pequeno porte. Estas, Estas, trazem desenvolvimento regional, muitas vezes são instaladas em regiões de baixo IDH [índice de desenvolvimento humano] e trazem arrecadação para o município, geram emprego e renda”, afirmou no mesmo evento.

Transição energética
Em entrevista à TV Brasil no ano passado, o executivo ressaltou que o Brasil “é um líder mundial na transição energética”. Coelho acredita que o país precisa acelerar o desenvolvimento das reservas de petróleo e gás, dada a perspectiva de perda de importância dessas fontes com a transição para uma economia de baixo carbono. “Temos que aproveitar nossos recursos e transformá-los em bem-estar para o povo brasileiro”, disse em evento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em agosto do ano passado.

Coelho é a favor do programa RenovaBio, que instituiu metas de descarbonização para o setor de combustíveis. “Os mercados de crédito de carbono no Brasil e no mundo terão crescente importância”, disse há cerca de um ano. O executivo também defendeu o programa Combustível do Futuro, do governo federal, que visa realizar estudos sobre tecnologias para reduzir a emissão de carbono no mercado de transportes. Ele acredita ainda que o país poderia aumentar a produção de biogás e biometano. “Temos que reforçar a participação brasileira nos acordos climáticos internacionais do qual o país é signatário”, afirmou.

Exploração e produção
Coelho é a favor da atração de outros investidores, além da Petrobras, para a exploração e produção no Brasil. Ele esteve no MME no período em que o órgão planejou o segundo leilão da cessão onerosa e discutiu alterações nas regras para atrair investidores às áreas do pré-sal que não receberam ofertas no primeiro certame, em 2018.

O executivo defendeu os programas do MME para atrair petroleiras de pequeno e médio portes a realizar investimentos em campos terrestres. “Temos um país de dimensões continentais, onde cada Estado tem suas características específicas, e muito diferentes entre si, e por isso temos que pensar no planejamento e em ações também a nível regional”, disse.

Gás natural
O executivo é a favor do Novo Mercado de Gás, programa do governo para atração de investimentos. Para ele, o aumento da oferta no país ajudaria a reduzir preços.

Ele também defendeu a exploração e produção do gás por atividades não-convencionais, que usam fraturamento hidráulico (“shale”). O Brasil não tem atividades do tipo, consideradas ambientalmente sensíveis. Coelho defendeu o “Poço transparente”, programa do MME, para estudos sobre o tema. “Precisamos conhecer e aproveitar com urgência esse importante recurso natural que temos em reservas não convencionais”, disse em evento online promovido pela FGV em fevereiro de 2021.

 

Fonte: Valor Econômico

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