PRODUTORES DE ETANOL REBATEM CRÍTICAS AO SISTEMA DE CBIOS
A Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar) diz que a recente alta nos preços dos certificados de descarbonização, os chamados CBIOs, não se deve a uma oferta menor do produto no mercado nem a um estoque por parte dos produtores de biocombustíveis.
O Poder360 mostrou haver uma insatisfação entre as distribuidoras de combustíveis em relação à atual estrutura de comercialização dos certificados, pela qual elas são obrigadas a comprar determinada quantidade de certificados, anualmente. Ao mesmo tempo, não há obrigatoriedade para as emissoras de colocarem os CBIOs à venda.
Evandro Gussi, presidente da Unica, diz que as críticas não fazem sentido, uma vez que a compra é compulsória porque as distribuidoras comercializam combustíveis fósseis e não os produtores de biodiesel.
“Hoje, me parece que ninguém tem dúvida de que temos que reduzir emissões causadores do efeito estufa. Acho que é uma das poucas coisas consensuais no mundo. E os combustíveis fósseis são um dos principais elementos de emissão. A matriz de transporte é um dos principais emissores”, disse Gussi.
Segundo a UNICA, de fato as vendas de etanol registraram retração de quase 20% no 1º trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado, em função do período de entressafra, que vai até abril. A entidade diz, no entanto, que não há redução de oferta de CBIOs.
Gussi afirma que o aumento dos preços é ocasionado pela maior demanda das distribuidoras na comparação com a registrada no início de 2021.
“As distribuidoras conscientes do seu papel socioambiental estão trabalhando na redução das suas metas. As distribuidoras ‘fossilizadas’, sem preocupação com as metas de descarbonização, são essas poucas, marginais, que têm feito essas reclamações”, disse Gussi.
Segundo Luciano Rodrigues, diretor de economia e inteligência setorial da Unica, atualmente o estoque de CBIOs nas mãos das distribuidoras supera 11,5 milhões de títulos, o que representa um crescimento próximo de 200% quando comparado ao estoque do 1º trimestre de 2021.
“Essa quantidade incorpora os títulos adquiridos no 1º trimestre deste ano e os títulos comprados além da meta de 2020″, disse Rodrigues.
A comercialização de CBIOs entrou em vigor em 2020, na esteira dos compromissos firmados pelo Brasil no Acordo de Paris visando à redução de emissão de gases de efeito estufa. As produtoras de etanol representam 85% de todos os produtores de biocombustíveis aptos a emitirem CBIOs no país. Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), os 308 emissores estão distribuídos da seguinte forma:
- etanol de cana – 262;
- etanol de milho – 4;
- etanol de cana e milho (usinas flex) – 7;
- biodiesel – 32;
- biometano – 3.
Fonte: Poder 360