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COMO ECONOMIZAR FERTILIZANTES A PARTIR DAS INTERAÇÕES MICROBIANAS NO SOLO - POR MARCUS ADONAI CASTRO DA SILVA

A invasão da Ucrânia pela Rússia tem preocupado os profissionais do agronegócio, que temem principalmente as consequências comerciais provocadas pelo conflito no leste europeu. Isso porque 62% dos adubos e fertilizantes usados no Brasil são importados da Rússia.

Por outro lado, já existem formas acessíveis de economizar fertilizantes em uma lavoura, como, por exemplo, aproveitando o potencial natural dos micro-organismos na promoção da fertilidade do solo.

A necessidade de aplicar fertilizantes no solo está relacionada basicamente ao suprimento de eventuais deficiências nutricionais e ao aumento da sua capacidade produtiva. O que muita gente não sabe é que esses resultados também podem ser alcançados a partir de micro-organismos benéficos a esse processo.

Um bom exemplo é o nitrogênio. Mesmo compondo grande parte do ar que respiramos, ele é integrado ao solo a partir da aplicação de fertilizantes de uso comum, já que as plantas não assimilam o nitrogênio na forma química da atmosfera.

Neste caso, os próprios micro-organismos (bactérias fixadoras de nitrogênio, por exemplo) podem reduzir a dependência e minimizar os danos causados pelos fertilizantes, compostos por amônia e outras moléculas nocivas, como a ureia. Segundo dados da Embrapa Soja, a fixação biológica de nitrogênio no solo economiza cerca de US$ 14 bilhões de dólares por safra de soja no Brasil. 

Essa aplicação de micro-organismos fixadores de nitrogênio, aliás, já é realidade em várias culturas, na soja, por exemplo, com as bactérias do gênero Azospirillum e Bradyrhizobium. Mesmo assim, o potencial microbiano para promover a disponibilização de nutrientes é enorme e ainda há muito campo a ser explorado.

Além disso, o uso de micro-organismos também pode ajudar a evitar a deterioração do solo pelo uso prolongado de fertilizantes químicos, que têm sido associados à contaminação ambiental.

Para otimizar o efeito desses dos micro-organismos, é fundamental analisá-los apropriadamente, identificando deficiências e potenciais do solo. Além da análise química e física do solo, é importante o produtor fazer uma avaliação genética, que fornece uma visão mais ampla da biota do solo, e indica os melhores manejos para garantir a fertilidade.

Assim, é possível identificar o potencial da microbiota do solo para fixar nitrogênio, solubilizar o fósforo ou promover a disponibilização de micronutrientes. Além disso, também monitora os gêneros de micro-organismos utilizados em insumos biológicos para melhorar a nutrição vegetal.

Adotando a estratégias biológicas, o produtor evita os efeitos colaterais dos fertilizantes químicos, cria oportunidades de negócios (afinal, a sustentabilidade tem peso na decisão do consumidor), dribla possíveis consequências comerciais provocadas por crises de oferta de adubos, além de economizar na aplicação desses insumos.

*Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista, professor da Universidade do Vale do Itajaí e cofundador da Biome4All.

 

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do Grupo IDEA.O nosso papel é apenas a veiculação do conteúdo.

 

Fonte: Ello Agronegócios

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