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A NOVA DINÂMICA DE PRODUÇÃO DE CANA - POR JOSÉ OLAVO BUENO VENDRAMINI

Dentro dos processos produtivos de cana-de-açúcar, existem áreas que possibilitam obter um maior resultado partindo de uma mesma quantidade de recursos investidos, dentro de um contexto de esforço e retorno.

Aqui, destaco alguns tópicos de extrema relevância, como a qualidade nas operações agrícolas, o manejo varietal e as ferramentas de Big Data e a inteligência analítica. Esse último item, além de possuir impacto direto nos outros pontos citados, funciona como uma alavanca com grande valor de contribuição para o negócio e com um potencial ainda ilimitado.

Qualidade de operações agrícolas: A segmentação das operações agrícolas é indispensável no processo de criação de equipes com alto grau de especialização e conhecimento em suas atividades, considerando as particularidades e as características de cada processo.

Como exemplo, podemos citar as especificações de um processo de preparo de solo (velocidade de trabalho, umidade do solo, potência de tratores e regulagem de implementos) comparadas com os detalhes de uma operação de plantio mecanizado de cana (viabilidade e quantidade da muda, produtos e vazão de defensivos da cobrição, entre outros).

Essa segmentação e alta especialização das equipes em seus processos, entretanto, gera um novo desafio: muitas vezes, as áreas não se enxergam dentro de um ciclo maior de atividades, onde o resultado de um processo está diretamente relacionado ao sucesso do processo subsequente, como é o caso, por exemplo, do impacto direto do preparo de solo na performance do plantio mecanizado. Nesse contexto, entra a qualidade agrícola, que possui a visão do processo de produção de cana como um todo e é capaz de avaliar se uma operação apresentou uma performance condizente com o resultado agrícola esperado, por meio de métricas e metodologias claras e bem definidas.

Ainda dentro da qualidade, destacamos a ampliação do escopo dessa área. O setor já possui um histórico de utilização de parâmetros de qualidade em plantio e colheita, que, de fato, são atividades-chave no resultado do negócio. Entretanto, a atuação da qualidade nos demais processos, desde o preparo de solo, quebra lombo, cultivo, aplicação de corretivos e composto e pulverizações, por exemplo, é um passo extra na busca por melhores resultados dentro de uma visão total do processo de produção de cana.

Manejo varietal: Muitas vezes, observa-se um certo saudosismo em relação às variedades que já foram referência para o setor, agregando valor em produtividade, sanidade e performance de maneira geral. Contudo, é fundamental salientar que o nosso processo passou por uma série de mudanças, desde a mecanização, a expansão para ambientes restritivos, o aumento na janela de plantio, o novo complexo de pragas e doenças, entre outros. Dessa forma, é clara a necessidade de adoção de novos materiais, mais modernos e selecionados para o novo contexto, que possuam uma genética com maior potencial de performance nesse modelo de produção.

No entanto, devido a suas particularidades de multiplicação e expansão, a cana dificulta a ampliação dessas novas variedades. Então, se faz indispensável a proximidade. Essa proximidade se dá desde a relação com as instituições de melhoramento genético para identificação, posicionamento e entendimento de variedades promissoras, bem como com a operação, fornecendo inputs quanto ao maior potencial e posicionamento desses novos materiais. Também contempla a formação de viveiros de alta sanidade e logisticamente condizentes com a regionalização das áreas.

A proximidade para mostrar que o esforço aplicado na aceleração de materiais promissores é um compromisso de longo prazo, mas que trará retornos certos.

Big data e inteligência analítica: As áreas de Big Data e inteligência analítica contribuem com interpretações direcionadas ao negócio sob diversos ângulos. Um exemplo é o da análise dos dados da qualidade agrícola, que permite mensurações e análises quantitativas de algo que, muitas vezes, era avaliado apenas qualitativamente, deixando claro o impacto de uma operação realizada fora de padrões desejados. Outro caso é a avaliação do resultado de um censo varietal diversificado em diferentes ambientes, épocas de colheita e manejos, reforçando, com números e dados dotados de rigor estatístico, o potencial dos ganhos pelo uso de materiais com uma genética moderna.

Além de possibilitar a análise e a criação de regras de negócio e cenários baseados no grande banco de dados à disposição das usinas, os dados permitem realizar planejamentos que abrangem diversos elementos. A caracterização das áreas quanto ao ambiente de produção, aos parâmetros climáticos, à produtividade, aos levantamentos populacionais de pragas, às análises físico-químicas de solos e aos relatórios de insumos até as operações agrícolas são alguns exemplos de possibilidades.

Por fim, além do comprometimento e da confiança em relação aos processos e às ferramentas tidos como chave, é sempre importante destacar o papel das pessoas nesse fluxo. Além daqueles envolvidos diretamente nas atividades, é necessário promover o desenvolvimento das equipes como um todo, por meio de orientação e capacitação. Afinal, já ficou claro que um time operacional capacitado, engajado e comprometido é o principal fator de sucesso relacionado à captura do potencial de qualquer nova tecnologia e inovação.

*José Olavo Bueno Vendramini - Gerente de Desenvolvimento e Tecnologia Agrícola da Tereos

 

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do Grupo IDEA.O nosso papel é apenas a veiculação do conteúdo.

 

Fonte: Revista Opiniões

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