CONTRA CUSTOS ALTOS, USINAS TROCAM MÁQUINAS POR PESSOAS E BUSCAM ADUBO ORGÂNICO
Para escapar do aumento dos custos de produção e dos efeitos da quebra de safra de cana na diluição desses custos, algumas usinas sucroalcooleiras buscaram nesta temporada alternativas, como o aumento da contratação de mão de obra para substituir máquinas em determinadas atividades e a troca de adubos químicos por soluções orgânicas, como o esterco bovino.
Em média, o custo de produção aumentou 36,9%, para R$ 154,80 por tonelada de cana, segundo levantamento da consultoria Pecege, sediada em Piracicaba, — bem acima da inflação para o período, de 10,06%.
As usinas com mais cana própria conseguiram controlar melhor os custos, já que o valor da cana de fornecedor, atrelado ao Consecana e que reflete os movimentos imediatos dos preços de açúcar e etanol, ficou em R$ 170,40 a tonelada. Mas escapar da cana de fornecedor não é para todo mundo, ainda mais em uma safra em que os problemas climáticos afetaram a oferta de cana para todo o setor.
A alta do açúcar e do etanol também teve impacto nos custos de arrendamento de terras - com reflexo maior sobre quem tem pouca terra própria. O custo médio do arrendamento saltou 63,7% nesta safra, para R$ 30,76 a tonelada de cana, custo este que não é facilmente contornável.
Já outros elementos do custo de produção, que são mais comuns para todas as empresas do setor, puderam ser substituídos. Foi o caso dos fertilizantes. Enquanto nos portos os preços da ureia, do MAP e do cloreto de potássio subiram 84,4%, 66,1% e 44,5%, respectivamamente, entre 2020 e 2021, algumas sinas decidiram recorrer à adubação orgânica, segundo o Pecege.
“Os produtores procuraram alternativas para minimizar esses impactos”, afirmou a consultoria. Entre as opções, houve quem buscasse aumentar o uso de esterco de bovinos e cama de frango nas lavouras.
O aumento do custo dos agrotóxicos também levou os produtores a buscarem opções biológicas. “Ainda assim, não foi possível escapar completamente do aumento de preços”, segundo o Pecege. Em média, o custo com tratos culturais de cana soca (já colhida uma vez), que incluem fertilizantes e defensivos, subiram 35,2%, para R$ 43,17 a tonelada nesta safra.
Houve ainda produtores que preferiram reduzir o uso de maquinário em campo em algumas atividades para economizar no diesel, que subiu 25% nesta safra. Em troca, aumentaram o emprego de mão de obra para o plantio de cana e para catação manual, mesmo com o reajuste dos salários.
Fonte: Valor Econômico