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ARTIGO - COMBUSTÍVEL NA ELEIÇÃO

Ano eleitoral é tempo de grandes emoções. Paixões afloram, desejos impulsionam candidatos que, por sua vez, usam de todas as estratégias possíveis para conquistar os votos que lhes permitem atingir seus objetivos. Faz-se o diabo, já nos ensinou Dilma.

Com baixo crescimento, alto desemprego e carestia, a economia estará no radar dos candidatos à Presidência. Por sua sensibilidade no dia a dia das pessoas, um dos temas que vêm tirando o sono de vários deles são os preços dos combustíveis. O que fazer?

O barril de petróleo fechou a semana passada custando US$ 93,27 e poderá ultrapassar rapidamente a barreira dos US$ 100. Como nos alertou Celso Ming, em sua coluna no “Estadão” de 6.2.21, nada mais do que o litro de gasolina a R$ 10 para aumentar a tensão econômica. Nada mais.

É bom entender um pouco do que se trata. Como soja, minério de ferro, trigo e carne, petróleo é uma commodity, cujo preço, cotado em dólar no mercado internacional, está exposto às flutuações que acontecem fora do Brasil. A diferença do petróleo para as outras commodities é que os preços de seus derivados – gasolina e diesel – impactam os custos dos transportes de pessoas e de mercadorias, afetando os preços de outros bens e serviços. Enfim, essa variação expande-se por toda a economia. Mais ainda, o refino do petróleo é, de fato, monopólio de uma empresa estatal, exposta às pressões políticas. E daí vem o perigo: o populismo irresponsável. Os ilusionistas estão chegando.

Níveis e variações de preços são coisas diferentes e têm determinantes diferentes. Os preços, por exemplo, são afetados pela incidência de impostos, mas não são as suas variações, que se originam em fatores exógenos, o preço internacional do petróleo e a taxa de câmbio.

Candidatos de esquerda, como Lula e Ciro, prometem mudar a política de preços da Petrobras, acabando com a paridade internacional. Lula conhece bem os meandros obscuros da empresa. Moro e Doria, querendo sensibilizar os votos anticorrupção, propõem a privatização da estatal. Bolsonaro repete seu descompromisso com o interesse público para favorecer seus caprichos. Engana a população, atribuindo aos governadores a culpa pelos aumentos frequentes nos preços do diesel e da gasolina.

Em seu nome, o deputado Christiano Áureo (PP-RJ) submeteu à Câmara dos Deputados projeto para zerar os impostos federais sobre os combustíveis, e o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) assinou a PEC Kamikaze para estender a benesse para todos os impostos sobre combustíveis e energia e “otras cositas más”. Uma bagatela de R$ 100 bilhões/ano. Nada mais.

Por Paulo Paiva, Paulo Paiva é professor associado da Fundação Dom Cabral e presidente de honra do Conselho de Relações de Trabalho da FIEMG

FONTE - Jornal O Tempo

 

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