Exportações do agronegócio atingiram valores máximos
O bom desempenho foi fruto não só do aumento dos preços médios em dólar dos principais produtos do agronegócio, em comparação com as médias registradas em 2021, mas também do incremento (13,1%) do volume total de mercadorias embarcadas no último ano versus 2021. Ainda em relação às cotações médias, somente a carne suínain natura apresentou decréscimo do valor registrado em 2022 contra o ano anterior. Já em quantidade embarcada, mesmo que o montante de todas as principais commodities exportadas seja maior, o comportamento individual para cada produto apresentou diferenças no fechamento do ano.
Receita das exportações do complexo soja foi de USD 61,0 bilhões No ano de 2022, o volume exportado de grãos alcançou 78,9 milhões de toneladas, diminuição de 8,3% frente ao total embarcado em 2021. Em contrapartida, as exportações de óleo de soja atingiram o pico de 2,6 milhões de toneladas, quantidade 58,1%maior frente a 2021.
Quanto ao farelo, as exportações também foram 18,7% superiores em 2022. Os maiores embarques dos derivados da oleaginosa são resultado de uma maior procura global por esses produtos, o que pode ter contribuído para a queda das vendas externas da soja em grãos. Em relação aos preços em USD, as cotações médias anuais dos três principais produtos do complexo foram maiores em 2022 versus 2021, 31,8% para os grãos, 23,8% óleo e 18,6% de aumento para o farelo. O grande acréscimo das vendas externas de óleo de soja se deu, principalmente, em função das embarcações com destino à Índia, as quais totalizaram 1,6 milhão de toneladasem2022.
Vendas externas de carne bovina se recuperarame foramasmaiores da série histórica do produto
Os embarques de carne bovina in natura foram 27,6% superiores em volume no último ano contra 2021. O bom desempenho desse produto brasileiro no mercado internacional foi impulsionado pelas vendas à China, dado que o país asiático importou 1,2 milhão de toneladas, o que representou 62%do total exportado pelo Brasil em2022.
Leia mais - Agronegócio mineiro bate recorde no faturamento de exportações
Já para a carne de frango in natura o crescimento do total embarcado no último ano foi de 4% contra o ano de 2021. Assim como visto no setor de carne bovina, as 4,5 milhões de toneladas exportadas do produto in natura no ano de 2022 representam mais um recorde da série histórica. O bom posicionamento do Brasil no mercado internacional desse produto, dados os problemas no setor relacionados às questões sanitárias da avicultura ao redor do mundo e também aos problemas de aumento de custos de produção na União Europeia, contribuíram para esse recorde, já que o Brasil nunca registrou casos de Influenza Aviária e é um importante fornecedor de carne de frango para o mercado internacional.
Quanto a carne suína, a recuperação dos volumes embarcados no segundo semestre de 2022 ajudou na consolidação da boa quantidade exportada do produtoin natura no último ano, a qual foi de 1 milhão de toneladas, valor bem próximo ao recorde histórico de exportações desse produto em2021.Mesmo que China tenha diminuído a sua participação como principal destino do produto brasileiro, já que o país asiático importou do Brasil 437 mil toneladas do produto in natura em 2022 (510 mil em 2021), o setor continuou com o bom ritmo de embarques, muito por conta do aumento da demanda de outros países, como, por exemplo, por parte de Filipinas, país que enfrentou problemas relacionados à Peste Suína Africana (PSA) e que estabeleceu reduções das tarifas incidentes sobre as importações do país.
Ainda para as proteínas animais, os preços médios das carnes de frango e bovina in natura foram maiores em 2022 contra o ano anterior, 22,2% e 16,1%, respectivamente. Já, a carne suína, também in natura, registrou queda na tonelada cotada, 2,6% menor no mesmo comparativo.
No complexo sucroenergético, não houve grandes mudanças nas embarcaçõesQuanto ao etanol e ao açúcar bruto, o total exportado em 2022 foi maior em volume contra o ano anterior. As exportações do biocombustível foram 26,3% maiores e, para o adoçante, o crescimento foi baixo, somente de 0,7%. Entretanto, para o açúcar refinado a quantidade exportada no ano passado foi 4,1% menor em comparação com o ano de 2021. Já em relação aos preços médios do ano, os valores foram maiores para os três principais produtos do setor. As cotações médias foram 31,2% maiores para o etanol, 25,1% e 18,9% para o açúcar bruto e refinado, respectivamente.
Leia mais - Brasil pode ter matriz de energia 100% limpa, diz Marina Silva
Exportações de milho foramo grande destaque de 2022
O total exportado do produto no último ano foi de 43,2 milhões de toneladas, quantidade maior que o dobro do embarcado em 2021 (20,4 milhões de toneladas). Desse modo, o milho foi o produto que apresentou o maior crescimento em exportações dentre os principais produtos do agronegócio, sendo que, em 2022, o total embarcado representou o maior montante da série histórica brasileira. Quanto ao preço médio do ano, o valor também aumentou em 39,5% frente ao registrado em 2021. Assim, o faturamento com as vendas externas do milho foi de USD 12,1 bilhões de dólares. O bom desempenho do produto brasileiro no mercado internacional foi fruto do aumento da demanda externa por conta dos conflitos do leste europeu e tambémpela abertura chinesa ao produto brasileiro. Além disso, o bom nível de produção da última safrinha brasileira de milho contribuiu para o abastecimento do mercado interno e externo. As perspectivas apontam para a manutenção dos bons níveis de embarques no ano de 2023, o que pode fazer com que os preços do milho no Brasil se sustentem próximos às paridades de exportação.
Em relação ao algodão, os embarques do setor foram mais baixas em 2022. As exportações foram de 1,9 milhão de toneladas, decréscimo de 11,0% em relação a 2021. Entretanto, como a cotação média do ano para o produto foi 21,9%maior contra o registrado em 2021, as vendas externas do setor foram de USD 4 bilhões no ano passado, maior valor nominal já registrado historicamente.
Por Itaú BBA, via Portal do Agronegócio